segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Morrer é preciso

Na pintura a musa Urânia, que olha para fora do quadro, sentada sobre o globo terrestre. Ela está acompanhada por Calíope, musa do verbo e da eloquência, que empunha um poema épico.

Dou por encerrado esse ciclo do blog, que foi inspirado na musa da Astrologia. Não sei se abrirei outro. Sei que ele cumpriu com o objetivo de resgatar um pouco o conhecimento antigo, e falar das musas, das deusas e do ocultismo. O blog cresceu nas interfaces, e foi além do tema inicial sugerido. Foi para mim um exercício interessante, do ponto de vista literário, porque pude experimentar alguns estilos. Do ponto de vista do conteúdo considero um serviço a partilha do conhecimento. Isso feito, me dou por satisfeita, e espero que os leitores tenham aproveitado um pouco dos meus ossos, da minha carne e do meu sangue, honestamente posto aqui.

"Nós estamos acostumados a ligar a palavra morte apenas à ausência de vida e isso é um erro. Existem outros tipos de morte e precisamos morrer todo dia. A morte nada mais é do que uma passagem, uma transformação. Não existe planta sem a morte da semente, não existe embrião sem a morte do óvulo e do esperma, não existe borboleta sem a morte da lagarta".
(Frase atribuída a Paulo Angelim)

Fui!

domingo, 23 de agosto de 2009

Hino de Safo a Afrodite

Safo foi uma poetisa grega tremendamente influente no século VI a.c. Ela viveu na ilha de Lesbos (daí a palavra lésbica), para onde muitas jovens iam a fim de serem instruídas por ela nos mistérios femininos da menstruação e da sexualidade, e para celebrar a deusa Afrodite em poesia, dança e música. Grande parte da poesia lírica de Safo, considerada por muitos a mais bela e requintada do Ocidente, perdeu-se. Cópias de suas obras foram queimadas em praça pública em Roma e em Constantinopla em 1073, por ordem do papa Gregório VIII. Eis aqui o único de seus poemas que chegou até nós completo.

Em teu trono ofuscante, Afrodite
Sagaz filha eterna de Zeus
eu imploro: não me esmagues de aflição,
vem a mim agora - como certa vez
ouviste meu longínquo lamento, e cedeste,
e te ausentaste furtivamente da casa de teu pai
para jungir pássaros em tua áurea carruagem, e vieste.
Vistosos pardais trouxeram-te ligeira para a sombria terra,
suas asas vergastando o médio céu.
Feliz, com lábios perenes, sorriste:
"O que há de errado, Safo, por que me chamaste?
O que deseja o teu tresloucado coração?
Quem deverei fazer amar-te?
Qual delas voltou as costas a ti?
Deixa que ela fuja; logo virá atrás de ti;
Recusei dela os favores; e logo serão teus.
Ela te amará, ainda que não saiba nem queira".
Vinde pois a mim e liberta-me de espantosa agonia.
Labora por meu tresloucado coração. E sê de mim aliada".

Extraído de A Deusa Interior. Um guia sobre os eternos mitos femininos que moldam nossas vidas. Jennifer Woolger, Roger Woolger. Editora Cultrix.

Caminho da Arte

Dandara Danah está lançando um blog, e vai nos mostrar O Caminho da Arte. Sinto quase um alívio por isso. Porque vejo o ser humano muito desconectado da sua fonte interna de criação, e com isso, deixa de ser artista, de ter a inata capacidade para o belo, para a sensibilidade, para a espontaneidade. A vida humana sem arte seca, murcha, perde a graça. Viver é uma arte, precisamos estar a altura da vida, e portanto, vivê-la com arte. E por inteiro, não em parte!
Como diz Dandara, a guerreira das cores, o "desenvolvimento vem de um eterno recriar-se". E que a Deusa das Águas te leve mansamente pelos caminhos da vida com muita arte...

Sarah Brightman 2

Veja:

Da inutilidade do amor

O amor é inútil, não serve para nada, não posso fazer um negócio com ele. Nem é possível também possuí-lo. O amor não dá aprovação social, não confere status, não cria instituições. O amor não aparece na mídia, não está nas vitrines. O amor não tem lógica, não tem razão, não tem porque. O amor não é objeto de conhecimento. O amor é como uma criança, inútil e imoral. O amor é a flor que desabrocha sem saber e sem porque. O amor só se reconhece pelo perfume, pelo ar e pelas nuvens.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Caminho do meio

Já pensei em ser santa e imaculada. Já pensei em ser louca e transviada. Já me perdi entre esses dois caminhos. Vejo, agora, o meio, a minha frente. O equilíbrio dinâmico entre os extremos. Que é, na prática, ser outra coisa. Esse caminho que vejo, o do meio, é estreito. Parece difícil de passar, porque é a própria passagem, a ponte entre os mundos. Dos raios é o 4°, o Raio da Harmonia através do Conflito. Lembro que era exatamente o raio regente do meu coral. Conflito, porque para que haja harmonia precisa haver tensão, não estabilidade. É uma linha tênue, muito tênue. Me sinto o próprio funâmbulo, na corda bamba, brincando de equilibrista. Mas, acho que a essência está mais para o meio do que para os extremos, já que não tem polos nem conflito. O meio é o caminho do Buda, daquele que conheceu os dois lados e escolheu se pacificar. No meio está a tensão, mas sem tensão não se toca o instrumento, e como é bom tocar um instrumento... É com a correta tensão, nem muito apertado nem muito frouxo, que se afina o intrumento e se soa a nota perfeita. Nem louca nem santa, só mesmo uma intermediária, Mercúrio entre os mundos. Um mero instrumento, que vive cada dia buscando a tensão correta, que me fará soar com harmonia e ritmo aquela melodia que vem do coração.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Evento poderoso no céu

Esta semana, Marte estará a uma proximidade da Terra que não acontece há 60 mil anos. Ele entrará em oposição periélica, ou seja, estará em alinhamento e no ponto mais próximo do Sol e da Terra ao mesmo tempo. É um evento muito especial, que poderá ser visto entre os dias 26 e 28 de agosto de 2009. No dia 27, mais precisamente, poderemos ver a maior aproximação entre os planetas, e no dia 28, a oposição completa entre Marte, Terra e Sol.
Preparem seus olhos, binóculos ou telescópios, e principalmente sua intuição, para perceber as energias dessa conjuntura poderosa. Astrologicamente, o Sol é a essência desse sistema, e Marte o poder que realiza essa essência. Marte tem ação direta na hemoglobina do sangue e rege a ação dinâmica que gera o trabalho. Que as energias dessa conjuntura sejam conscientemente acolhidas e que impulsionem com a sua flecha direta e ascendente a nossa auto-realização.

Para mais informações visite o Jornal da Ciência

Sarah Brigthman


Ela é uma soprano cristalina. Tem uma voz doce e sem peso. No Japão é conhecida como "Rainha da Ópera". Sarah Brightman é britânica, tem um trabalho bastante eclético, canta desde árias como Mio Babbino Caro até pop e new age. Ela estará no Brasil fazendo shows em outubro. Veja a bonita apresentação, super new age, de Sarah com os gregorianos: Moment of Peace

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Uma mão escreve a outra


Não entendo nada de letra morta. A letra, a língua, o verbo, pra mim, tem que pular da página, tomar vida própria. Ao mesmo tempo que precisa ser muito honesta. Falar apenas do que se sabe, descrever a experiência real. Mas quando escrevo contos, não me considero desonesta, nem acho que estou apenas fazendo fantasia. Na verdade, é o contrário, é quando me dispo das idéias superficiais, e me revelo na minha imaginação. É quando entro nas regiões mais profundas da psique, e consigo tocar a matéria dos sonhos. Se a letra não está morta, e se o verbo se fez carne, é porque tem algo que anima, que sopra a vida e lhe dá um alento de amor. Ao que parece, uma mão escreve a outra.

domingo, 16 de agosto de 2009

1° Raio Cósmico - Vontade-Poder


A energia da determinação é originária do 1° raio-cósmico, o raio da Vontade-Poder, do impulso criador. Corresponde na Astrologia ao signo de Áries, o 1° signo do zodíaco, e ao planeta Marte. Participei de um curso nessa última semana, para me reciclar, e lá tive alguns momentos interessantes, em que pude entrar em contato com essa energia. Num dos exercícios do curso, o grupo de aproximadamente 100 pessoas tinha que correr até um objetivo, dando o seu 100%. Dada a ordem, imediatamente todos correram velozmente. Eu não estava muito a fim, fui arrastada pelo grupo. Gostei foi no meio do caminho, quando me vi correndo bem. No final do exercício, a instrutora fez o grupo perceber que a ordem foi de dar o máximo de si, e não competir, como aconteceu. Fiquei feliz com a minha evolução. Não tive o ímpeto de competir, minha satisfação foi em estar correndo bem. Em seguida a instrutora deu a oportunidade aqueles que não deram tudo de si na corrida, para que corressem de novo. Eu me candidatei, já que não tinha dado meu 100%. Éramos quatro pessoas em linha, e quando foi dada a largada, tínhamos que correr para atingir o propósito das nossas vidas! Eu saí atrás, mas eis que no meio do caminho me veio uma força interior, que vinha da altura do coração, que me fez em um passo ou dois me recuperar, e no fim, para meu espanto, porque não competia com ninguém, havia chegado antes de todos. Fiquei feliz de confirmar de onde é que vem a nossa força. E isso me fez lembrar da minha época de atleta. Tempos de competição, mas tempos também de força, de espírito de equipe, e de coração na ponta dos pés e das mãos. Mas a questão hoje no trabalho com esse raio é: como medir as nossas forças e como colocá-las na direção certa. Porque se mal dirigido, esse raio pode levar à guerras e à destruição. Os antigos exércitos eram instruídos pela classe sacerdotal a sempre ir ao campo de batalha quando Marte estivesse favorável. Os homens estariam mais fortes movidos por essas energias. Nos dias de hoje, esse conhecimento está esquecido, e o homem moderno vive inconsciente das forças que jogam nele. Apenas reagindo, criamos bombas e nos tornamos homens e mulheres bombas. Mas bem dirigida, essa energia é a potência dentro da semente que a faz romper a casca, bem dirigida, ela criou e transformou o universo.

sábado, 15 de agosto de 2009

Paraíso

Era uma vez um povo que acreditava que a sua igreja, o seu lugar santo de adoração, era a própria natureza, com seus vales e bosques floridos, suas montanhas e cachoeiras. Nesse lugar sagrado não existia história, nada foi escrito, tudo era transmitido oralmente e através da música. A vida desse povo era só cantar, dançar e adorar. Sua meta última era a alegria, a beleza de cada dia, feita de cores, formas e som. Quem cantava as histórias desse povo eram os bardos, e quem as inspirava eram as fadas. As dançarinas do fogo sagrado, com seus corpos suntuosos, tatuados e com cicatrizes, revelavam toda a magia que dava movimento aquele lugar. Até hoje esse lugar é secreto, visitado por poucos, guardado hermeticamente pelos druidas da chama violeta. As mulheres desse lugar vivem com os lobos. Nas noites de lua cheia correm juntos para o alto dos montes, uivar seu prazer de viver. Nesse lugar não há lamento, há paz dentro de cada um, e uma chama central acesa que ilumina a todos, que os faz apenas cantar, dançar e adorar.
Ah, e dizem que as Celtic Woman vieram de lá: http://www.youtube.com/watch?v=sfO6JpR5Ip8

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

O Percurso do Herói - separação, iniciação, retorno

Alguns seres possuem a faculdade de compreender o outro, de ler nas entrelinhas ou ter visões da natureza das coisas. Isso é uma capacidade natural de todo ser humano, que deve ser resgatada. Essa faculdade advém, mitologicamente, do retorno do herói ao mundo. No livro "O Herói de mil faces", do mitólogo Joseph Campbell, é dito que "os grandes temas, os arquétipos intemporais, assim como sua ação sobre as almas, permanecem os mesmos". As personalidades estão condicionadas aos mesmos dramas, sansaras, labirintos, mas podem passar pela iniciação, e tomar consciência dos padrões repetitivos e conflitantes que agem sobre a sua personalidade. Só compreendemos o outro quando olhamos para ele do plano da causa, do chamado Corpo Causal, o corpo da Alma, e vemos a partir daí sua realidade sutil. Ao invés de olharmos para os efeitos, que são secundários. Campbell diz sobre o herói numa passagem que: "A primeira tarefa do herói consiste em retirar-se da cena mundana dos efeitos secundários e iniciar uma jornada pelas regiões causais da psique, onde residem efetivamente as dificuldades, para torná-las claras, erradicá-las em favor de si mesmo (isto é, combater os demônios infantis de sua cultura local) e penetrar no domínio da experiência e da assimilação, diretas e sem distorções, daquilo que Jung denominou imagens arquetípicas". O herói é um aprendiz de ser humano. Vive um percurso conhecido como: separação, iniciação e retorno. Ele, ou ela, é a imagem da pessoa que assumiu sua própria lenda pessoal e adquiriu conhecimento. A partir daí pode retornar ao mundo renascido, trazendo os benefícios do seu aprendizado. Como explica o mitólogo, o herói é aquele que representa as potencialidades e o destino de todos.

União


A nossa relação com o mundo é reflexo da relação com o nosso próprio mundo interior. Por isso, é que hoje os mestres ensinam que não existe união possível com um outro ser, idéia ou coisa. Nós nos unimos é com a nossa própria alma, e as nossas relações com os outros são o reflexo dessa união interna. Se observarmos os nossos relacionamentos e os relacionamentos a nossa volta veremos que tem alguma coisa errada, que não está dando certo. A união em nível de personalidade não pode dar certo mesmo, porque a personalidade é um ente em separado, uma parte que precisa se unir novamente a "Deus", ou seja, se unir à alma ou a mônada. As personalidades vivem do jogo das polaridades, mas o amor não tem polaridade, não tem opostos, pertence a um outro nível. A união é com a própria essência do ser. E essa união pode ser feita de três maneiras: Em grupo, em solidão ou em colaboração com outro ser. A ilusão da união em grupo é acreditar que aquele grupo é melhor do que os outros. A ilusão na união em solidão é o isolamento. E a ilusão da união com outro ser é a idéia de fusão, de que se tornaram uma coisa só. Em nível de personalidade não existe esse tipo de união, somente quando estamos no ventre e nos primeiros anos com a mãe. Depois nos separamos, e ao invés de buscar nos unirmos internamente, e nos tornarmos indivíduos integrais, vamos com nossos sentidos para fora buscar a união externa. Mas é na vida interna que está o que tanto procuramos: you are looking from what you are looking for. Nós já trazemos tudo no bolso. O que não quer dizer que devemos viver em contemplação esperando as coisas caírem do céu, mas que agindo a partir de dentro vamos encontrar o que já é nosso, o que está coligado a nós de verdade e o que nos cabe realizar nesse mundo a partir das nossas próprias capacidades. Mas, primeiro, o "Reino".

terça-feira, 11 de agosto de 2009

Nessun Dorma

Ópera Turandot, de Puccini, no canto das alturas celestiais, de Sarah Brightman:

Nessun Dorma! (Não durma!)
Em seu quarto frio, olhe as estrelas
Tremendo de amor e de esperança

Meu segredo permanece guardado dentro de mim
O meu nome ninguém saberá
Não, não, sobre tua boca o direi
Quando a luz brilhar

E o meu beijo quebrará
O silêncio que te faz minha...
http://www.youtube.com/watch?v=M_jD8eE_ktQ

domingo, 9 de agosto de 2009

Ser inteiro ou ser em parte?


Em Guernica, Picasso denuncia a situação de fragmentação humana. Observe acima os pedaços, o descompasso e a falta de nexo entre as figuras. Eu gostaria de analisar um pouco essa idéia. Porque tenho me observado bastante, e as pessoas também, e tenho notado que este é o grande desafio da existência humana. A questão fundamental: Ser inteiro ou ser em parte. Ser ou não ser. Originariamente, a palavra indivíduo significa indivisível, o que não se divide. O indivíduo é aquele que é holístico, de holos, totalidade. Me reconheço, a cada dia mais, como um ser multifacetado, e me surpreendo comigo. Sou pelo menos duas. Sou Perséfone (mística), sou Deméter (mãe), sou Atena (intelectual), Ártemis (guerreira), Hera (esposa), Afrodite (amante). Sou em potencial todas elas, algumas realizo mais outras menos, umas desejo realizar ainda, outras não, mas o fato é que sou um ser complexo, de múltiplas relações, desejos e potencialidades. Já vivi bastante chapada, sei como é ser uma coisa estagnada e sem fluidez. Tenho muitas máscaras, o que não faz de mim uma pessoa falsa ou desequilibrada, mas o reflexo de uma essência cheia de criatividade e energia. As máscaras são muitas, na verdade bastaria saber brincar com elas, entender a transitoriedade e os ritmos de cada uma para estar em paz. Os desequilíbrios, doenças e males nascem do privilégio dado a uma parte em detrimento do todo. Cada coisa é sã no seu lugar e na sua medida. O que diferencia o veneno do remédio é a dose. A alma não é pequena, é um universo em simbiose com outros universos. Minha conexão interior é realmente divina quando há aceitação, quando incluo a tudo sem julgamento e conflito. Sou fêmea que arde e uiva de tesão, e sou anjo que canta de pura graça. Ser inteira é minha escolha. Mas isso não é fácil. Precisa de um esforço de transcendência, de coragem e de fé. Não consigo ser só um pedaçinho, não posso evitar, eu sou mais forte do que eu, eu me transbordo.

sábado, 8 de agosto de 2009

Demeter - A deusa mãe da vida

Acordei no meio da noite, com o impulso de ter que escrever sobre Deméter. Por isso, agora, o farei. Deméter é a deusa mãe, aquela em nós que concebe a vida, que a fecunda e acolhe. É, na mulher, o instinto materno, a capacidade de recolher a semente e de nutrí-la. Deméter, ocultamente, é a matéria/matter feminina que recebe o espírito/sopro masculino. Enquanto Deus representa o princípio masculino, o espírito em nós, que dá o germe, a Deusa é o princípio feminino, a mulher, a matéria que recebe, desenvolve e realiza o espírito. Por isso, nas religiões antigas você encontra o culto à Deusa, não a Deus. É o princípio feminino que tem a chave da realização na matéria. A semente que Deméter desenvolve é a própria vida, a criança, a essência. Na visão, as cores dessa união - do espírito com a matéria - são tons de azul e rosa claros brilhante, sua melodia é suave e seu lugar é o mar.

Voo de galinha pelo mundo da pornografia

Andava pela Avenida Visconde de Pirajá, quando recebi uma filipeta rosa e redonda, que dizia: "Uma loja só para você. Um novo espaço, discreto, elegante e totalmente reservado para as mulheres. Meninos não entram. Este convite é para você e para suas melhores amigas. Cursos de pompoarismo, strip tease, pole dance, massagem erótica, práticas picantes".
Comecei a rir sozinha, me achei uma mulher de sorte, escolhida! Afinal, tantas passavam na rua, mas poucas receberam um convite como aquele, que dizia também: "Venha tomar um chandon conosco". Achei sexy e provocante. Imaginei que me tornaria a próxima Belle du Jour carioca.
Logo que cheguei em casa, fui conferir o endereço do site que estava no convite. Agora eu era uma aventureira, desbravando os mares da pornografia. A música que tocava era alta e dançante. Na primeira página aparecia um clip, com efeito de deixar a pessoa na expectativa. Até que passada a apresentação, entrava uma página com produtos eróticos. Achei engraçado.
Muitos perus, de todos os tamanhos e cores, gel, essências e outras cositas mas. Minha curiosidade cresceu subitamente, e fui direto para a página dos vídeos, queria era saber o que acontecia lá dentro. Como eu poderia me encaixar! Os vídeos, claro, eram de sexo, e de todos os tipos: swing, hetero, homo, bi, tri, tetra...
Mas para minha decepção, as imagens eram feias a tal ponto do grotesco. Achei muito performático e desconectado do resto do ser. Ri de mim mesma, e da minha inocência, por esperar algo diferente. Talvez no fundo tivesse era a fantasia de encontrar um paraíso grego, e cantar o amor, e acariciar suas mais belas formas. Um santuário dos prazeres femininos mais sutis.
Na minha fantasia vejo Érato, a musa do erotismo. Ela está acompanhada de um anjo, de quem ouve: - As delícias mais sutis do prazer são para aqueles capazes de aprender a arte da doçura –. Em meu voo de galinha pelo mundo da pornografia encontrei um cabaret virtual bizarro, que existe para fins de aplacar uma dor e uma angústia profundas. Valeu a experiência, valeu a masturbação.

Mas uma revolução da pureza existe para quem é capaz de se entregar e se abrir totalmente, se deixar preencher, das profundezas da alma até à flor da pele. 

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

A Lua

Do ponto de vista Astrológico, a Lua é a mãe do Zodíaco, a mulher madura, a sensibilidade, a memória, a imaginação. Um parênteses: A Astrologia acrescenta a dimensão subjetiva, relacional, à dimensão objetiva e impessoal da Astronomia. Ou seja, enquanto a Astronomia é objetiva, lida com as propriedades físico-químicas dos corpos celestes, questões de peso, medida, velocidade, tamanho..., a Astrologia considera as relaçoes subjetivas - psicológicas e emocionais - que estes corpos tem em relação com a Terra, e especificamente com os seres humanos. Enquanto o astrônomo vê a Lua objetivamente, o astrólogo vê subjetivamente. Ambas as visões se complementam. Mas a maneira de um ser lunar ver o mundo seria como de um astrólogo, não de um astrônomo. Ele veria a partir da sua sensibilidade, a partir da sua relação afetiva com a coisa observada. A pessoa regida pela Lua vê o mundo pela ótica do sentir e atrai o que deseja como um imã. A Lua entre outras coisas é um espetáculo nos céus noturnos. Conversei certa vez com um professor de artes que me disse: quem não tem sensibilidade para o belo não tem para a verdade, e vice versa. Os regidos pela Lua ou com ela fortemente aspectada no mapa, tem grande potencial de sensibilidade, para poder perceber o mundo em suas sutilezas arrebatadoras.

2° Raio Cósmico

Poesia, como todos sabem, vem de poiesis, que significa criação. No livro Mensageiros do Amanhecer, Barbara Marciniak, que canalisou seres das Plêiades (constelação mais bonita do céu!) diz: Amor é criatividade e luz é informação. Fernando Pessoa, que não sei se veio das Plêiades, mas bem pode ter passado por lá uns tempos, pois em sua poesia, deixa esse mesmo ensinamento: "Grande é a poesia, a bondade e as danças... Mas o melhor do mundo são as crianças, flores, música, o luar, e o sol, que peca só quando, em vez de criar, seca".
Platão, quando se refere ao amor e seus muitos níveis, fala que o último degrau, o amor num estado mais elevado - eu diria um amor netuniano - é o amor à verdade. Mas que verdade é essa, a que se referia o sábio? A verdade do conhecimento de si. A verdade da alma, que é onde reside o amor em estado puro, com todo o potencial criador de harmonia e beleza. "Amor platônico" é um termo que deprecia uma idéia pura, que desacredita a própria essência do humano. E é claro, que se a pessoa nega esse amor, ele não existirá para ela, ou será apenas motivo de riso. A Hierarquia Crística - do raio do Amor-Sabedoria - ensinou alegoricamente numa oportunidade: O reino dos céus é para os pequeninos.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Sexo dos anjos


Continuo de licença poética, por isso, vos apresento Érato, a musa da poesia amorosa, que está na pintura aí ao lado acompanhada de um anjo, de quem ouve seus versos eróticos. Imagino eu, que o anjo esteja a dizer assim:

As delícias do prazer
são para aqueles capazes
de suavidade, doçura e delicadeza.
Ou existem outras três palavras mais belas do que estas? Que apertem mais forte no coração?
O anjo, acho que é o Rafael, também compôs essa bela canção -I Say a Little Prayer - para a sua alma gêmea. (mas esses anjos não são mesmo uns fofos?!):

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

OM

A música é tão boa, que quando a gente não faz, ou quando não ouve, quer falar sobre ela. Sem música não se vive, é igual respirar, comer..., das coisas boas da vida, ela é uma das vitais. O som é o oculto que se revela, seu princípio é hermético, é lei no universo, está na criação de tudo, no meio e no fim. A palavra música vem do grego "mousa", de onde também deriva a palavra musa. A Música é a "arte das musas". Platão afirma no Crátilo que "mousa" deriva de "mosthai", que significa "estar apaixonado", "desejar". Indo mais além, a "música das esferas" é o amor transcendental do universo, é o som que preenche tudo, e no qual tudo está dentro.
OM..........

domingo, 2 de agosto de 2009

Eu sou mais forte do que eu!

Em nota no livro "Uma Aprendizagem ou o livro dos prazeres", Clarice Lispector, a mais Perséfone (deusa do mundo avernal, inconsciente ou oculto) das escritoras modernas, diz:
"Este livro se pediu uma liberdade maior que tive medo de dar. Ele está muito acima de mim. Humildemente tentei escrevê-lo. Eu sou mais forte do que eu".
O que em mim me transcende, que de fato sou eu.
O eu, que me limita no tempo e no espaço, no mundo tridimensional, é a menor parte do meu ser, embora tome quase todo o meu tempo.
O tempo! Quero aprender de novo com os maias, que dizem que o tempo é arte. Mas nesse momento, tempo para mim é tormento! Me perdoem os meus leitores, se ainda tenho algum, mas tenho escrito por pura agonia. Tenho um eu, apesar de eu ser mais forte do que eu. O problema é que o eu é amigo do tempo, enquanto o que é mais forte do que o eu, é amigo da eternidade. E Eu, o meu eu total, existo tanto no tempo quanto na eternidade. Em parte sofre, em parte transcende.
Em parte sofro, em parte transcendo. Poderia continuar com isso, numa escrita bem Lispectoriana, agonizante, mas não quero. Acho chato hoje em dia ler Clarice, insuportável. É uma literatura realmente cheia de contra-indicações. Com todo o respeito a literatura moderna, que trouxe o eu para o centro da narrativa, eu que vivia reprimido. Mas hoje os tempos são outros, o eu fala de si, faz terapia. Mas precisa mais do que isso, precisa de cura. Precisa deixar de ser eu. Olha a loucura! O tamanho do salto que temos que dar hoje! Quero o silêncio, a união interna, a paz. Quero escrever para informar, para transmitir conhecimentos que podem a um outro transformar, como a mim transformou. Para resgatar o saber antigo, dando a ele roupa nova.
Quero escrever para transmitir meus ossos! O que é indestrutível em mim! Não quero a narrativa do eu, essa é só agonia, e isso o que vês aí expresso não são palavras, nem pretende ser literatura moderna, tal qual Virginia Wolf e similares, não quero enganar ninguém, isso aí escrito é só o lamento de um pobre eu aflito.

sábado, 1 de agosto de 2009

Diálogo entre Tagore e Mariana

Tagore fala as verdades poéticas para Mariana:
O coração é somente para oferecer-se com uma lágrima e um canto. O prazer é frágil como a gota de orvalho, morre enquanto ri. O loto abre sua flor à luz do sol, perdendo tudo quanto possui.
Que dialoga em silêncio, abnegada.

Platão e Callas

Educados musicalmente os jovens crescerão numa terra salubre, sem perder um só dos eflúvios de beleza que cheguem aos seus olhos e ouvidos, procedentes de todas as partes, como se uma aura vivificadora os trouxesse de regiões mais puras, induzindo nossos cidadãos desde a infância a imitar a idéia do belo, a amá-la e a sintonizar com ela.
(Platão)

Segue uma interpretação magistral da maior soprano que esse mundo teve o prazer de ouvir e ver:

http://www.youtube.com/watch?v=SvrHxQ3qjAE