segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Escola da Criação pelo Som

Por Artur

Nós estamos encarnados para aprender a criar de acordo com os padrões de evolução. O som é um elemento de criação. Nós temos que aprender a criar pelo som. Todos os sons correspondem a estados de consciência. E eles moldam algo correspondente a esses estados. Quando nós estamos emitindo um som, aquilo está correspondendo a um estado de consciência. E nós estamos criando algo, plasmando algo até na matéria concreta (...) no ambiente, nas moléculas, nos átomos, nas partículas.
Qualquer som, qualquer pensamento, qualquer sentimento, é material, nós estamos movendo a substância material, estamos organizando a substância material. A música penetra o nosso ser, toca o nosso ser, a nossa aura, e preenche o nosso campo psíquico por uma outra via. Então a música é algo muito delicado.
A música transcende a cultura, transcende algo intelectual, transcende as salas de aula das universidades, transcende os conservatórios e concertos. Então música não é apenas um fato cultural, isso é coisa da nossa mente. A música existiu desde sempre. A música é o elemento criador. Os devas criam pelo som. O planeta surgiu pelo som. Ele permanece existindo porque o ser planetário está emitindo um som. Ele está aglutinando a matéria. Nós temos que aprender a criar. O som é o veículo. É o instrumento de criação que conduz uma eletricidade interna.
E nós podemos ser instrumentos de criação da harmonia.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Diálogo entre Avatares

-Eu vejo você.
-Eu vejo você.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Reconstrução

Reconstrução

Despi minha couraça
abandonei o escudo
perdi todas as minhas certezas
o chão caiu.

Abismo sem rede.
Queda livre.
Ponto nulo,
zero.
Nada.

Livre de tudo
com o coração na mão
sinto meus pés baterem como asas
pulsos correndo meu corpo até a ação.

Sementes em busca de água esticam-se até nascer a nova Flor.
(Betina Kopp)

sexta-feira, 16 de julho de 2010

Oração dos Músicos

"Deus, Todo-Poderoso, que nos destes a vida, os sons da natureza, o dom do ritmo, do compasso e da afinação das notas musicais, dai-me graça de conseguir técnica aprimorada em meu instrumento, a fim de que eu possa exteriorizar meus sentimentos através dos sons. Permiti, Senhor, que os sons por mim emitidos sejam capazes de acalmar nossos irmãos perturbados, de curar os doentes e de animar os deprimidos; que sejam brilhantes como as estrelas e suaves como o veludo. Permiti Senhor, que todo o ser que ouvir o som do meu instrumento sinta-se bem e pressinta a Vossa Presença".

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Nigredo

Não me peça para esquecer os erros,
Quero a memória vigilante para os novos caminhos,
Já fui cego e surdo com os olhos e ouvidos que Deus me deu para ver e escutar.
O meu pensamento encontrava trevas em plena luz,
A noite sofria a ausência da lua e das estrelas,
E o mar imenso era negro e silencioso.
Há tanta paisagem no mundo e há tantos olhos distraídos.
Não me peça para esquecer os erros,
Eles serão minha bússula,
No grande oceano da esperança.

(Cassia Bigoni)

sexta-feira, 9 de julho de 2010

O Apogeu do chão e do pequeno

Por Mariana Montenegro Martins
“Eu via a natureza como quem a veste”.
(Manoel de Barros)
Como explicar o desejo? Posso explicar de umas cem formas, mas ele continuará desejo, uma pulsão que vêm de um lugar desconhecido, submerso, onde palavras mal explicam, e só fazem evocar forças. Para traduzir esse mundo faz-se uso de símbolos, de metáforas e alegorias. Balbuciam-se sons e emanam-se calor e cores. Para traduzir esse mundo faz-se também poesia. Cabe a alguns poetas de raro talento alcançar os sub e meta mundos do desejo humano, que não se há de aprender, mas só de apreender por inteligências também sensíveis.
Na minha experiência de ler a poesia de Manoel de Barros um desejo vem à tona, desejo de apreender, de vivenciar o próprio ser da coisa de que fala o poeta. Todas as coisas na poesia de Manoel são verdadeiros indivíduos, tudo, mesmo as menores coisas, os dejetos do mundo, recebem nome e dialogam com todas as outras. Sua poesia me leva a capturar o ser da coisa falada, e isso, com toda singeleza, prezando o delicado essencial, mesmo no que há de mais bruto, repugnante ou corriqueiro.
Apreendendo, e, com aquela chave mágica, que me transfigura o olhar para ver o dentro das coisas, me aproximo do universo da poesia de Manoel de Barros. Vou tateando, devagarzinho, olhando pelo buraco da maçaneta da porta, entrevendo um pouco de árvores, um pouco de horizonte, algumas lagartixas e borboletas azuis que dançam no céu entre rãs, - entardecidas!
"Eu via a natureza como quem a veste", diz Manoel. Sou toda sensibilidade ao lê-lo, sou o sonhar primaveril, a folha seca no chão outonal, sou todas as estações, na aventura poiésica onde me inscrevo. A poesia de Manoel expressa um desejo meu, e de muitos, já que é um poeta popular. Por criar mundos, e não apenas linguagem, cada qual ao lê-lo há de ter a sua própria experiência de viver e ser nesse mundo todo ele reinventado de Manoel.
Mundo que é, na minha experiência, um mundo onde todas as coisas, pequenas ou grandes, todas elas, figuram no mesmo plano. Mesmo o mais desprezível e escatológico é valorizado. Vejo Manoel a reanimar a Alma do Mundo, e todas as coisas que toca com suas palavras, sensivelmente ganham importância e individualidade. Para Manoel, todas as palavras pequenas, que remetem a coisas insignificantes, ganham tom de verdadeira oração:
“O mundo meu é pequeno, Senhor. Tem um rio e um pouco de árvores. Nossa casa foi feita de costas para o rio. Formigas recortam roseiras da avó. Nos fundos do quintal há um menino e suas latas maravilhosas. Todas as coisas deste lugar já estão comprometidas com aves. Aqui, se o horizonte enrubesce um pouco, os besouros pensam que estão no incêndio. Quando o rio está começando um peixe, Ele me coisa. Ele me rã. Ele me árvore. De tarde um velho tocará sua flauta para inverter os ocasos”. [1]
Essa vidinha que parece prosaica é a vida de Manoel, homem do Pantanal mato-grossense, que pôde “comprar” seu ócio para viver na companhia das palavras e da natureza. Existe um afeto explícito pela natureza na sua poesia e na sua vida. Afeto esse que tanto carecemos no mundo atual, onde a natureza está sendo destruída, por falta dessa delicadeza, desse respeito pelas menores vidas, seja, animal, vegetal, mineral, ou por esses homens e mulheres de vida simples.
O grande desafio ambiental nesse século está em nos reconhecermos como entes irmãos de todos os seres vivos, de conviver de forma harmoniosa com toda a vida planetária e solar. Esse desafio, que é tanto da ciência, da política, da educação, enfim de todas as esferas da sociedade, passa por uma questão subjetiva e sensível. Significa que precisamos enquanto humanidade aprender um modo novo de viver, que considere todas as formas de vida num plano comum.
A poesia de Manoel nos ensina como é a experiência de ser-em-comum, dando ao humano as qualidades de animal, ao animal a qualidade de humano, e assim com todas as coisas da natureza. Ele é considerado um poeta contemporâneo cujo tema recorrente é o Pantanal. Reconheço em um filósofo da natureza uma idéia que se aproxima da poesia de Manoel de Barros.
Ele viveu por volta de 500 anos a.c, e se chamava Heráclito de Éfeso, também conhecido como o “obscuro”. É lembrado até os dias de hoje por dizer que depois de entrar no rio uma vez, nem homem nem rio serão os mesmos. Que tudo é mudança na natureza, e essa seria a sua essência, o movimento. Assim, o próprio modo de ser da natureza é não ser, ou seja, é criado pelo movimento, pelas dinâmicas de ser e não ser. Então, tudo tende sempre a mudar, a se reinventar.
A idéia que, a meu ver, aproxima esse filósofo da natureza de um poeta moderno do Pantanal como Manoel, é a visão de mundo não dicotomizada, onde os opostos são reconciliáveis e coincidem entre si. Dizia Heráclito: “O contrário em tensão é convergente; da divergência dos contrários, a mais bela harmonia” (1980:49). Essa frase me remete à poesia de Manoel. E me faz pensar no modo simples com que esse poeta faz as diferenças e os opostos coincidirem. Para o poeta das jovens terras pantaneiras, ocupado com o mundo sensível, toda palavra é substância e substantivo, na reinvenção do seu olhar.
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Bibliografia:.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

A Primavera

No quadro: Vênus ao centro. As 3 Graças. A ocidente está Mercúrio, o mensageiro solar com suas sandálias aladas, Flora de vestido florido jogando flores para o espectador e Zéfiro no momento da paixão fulminante pela ninfa à direita do quadro.

domingo, 27 de junho de 2010

ORAÇÃO DE KRYON


Canalizada por Mario Liani

EU CO-CRIO MINHA CURA FISICA

E DECRETO O DESPERTAR DE MINHA MEMÓRIA CELULAR EM VIRTUDE DISTO, DE MANEIRA ADEQUADA E SAGRADA ME DIRIJO AGORA A TI, QUERIDO CORPO.

ESTAMOS JUNTOS NESTA VIDA E JUNTOS E NÓS CURAMOS A NÓS MESMOS, JUNTOS TEREMOS O PODER DE NOS IMUNIZAR DE QUALQUER PROCESSO QUE POSSA DETERIORAR A SAÚDE DE NOSSO SISTEMA FÍSICO.

JUNTOS NÓS REGENERAMOS, JUNTOS NÓS REJUVENESEMOS.

E JUNTOS TEREMOS O PODER DE RETARDAR A LIBERAÇÃO DA QUÍMICA HORMONAL QUE ENVELHECE, POIS JUNTOS DESATIVAMOS POR TEMPO INDETERMINADO O ENVELHECIMENTO DE NOSSAS CÉLULAS, TECIDOS, ORGÃOS E FUNÇÕES.

E RECONECTAMOS EM NOSSO SER, EM FORMA HARMÔNICA E EQUILIBRADA, OS 12 CÓDIGOS DO DNA, PARA ALCANÇAR OS 12 NÍVEIS, SUPERIORES DE CONHECIMENTO ESPIRITUAL,EMOCIONAL, FÍSICO E MENTAL.

ASSIM MESMO, JUNTOS AGORA ATIVAMOS O CRESCIMENTO E FUNCIONAMENTO DE NOSSA GLÂNDULA PINEAL, PARA SENTIR AS FREQUÊNCIAS MAIS ALTAS DE PENSAMENTO QUE PROPORCIONAM O CONHECIMENTO E PARA POR EM MARCHA O PROCESSO DE ASCENSÃO QUE ESTÁ GRAVADO EM NOSSO DNA.

AGORA, CADA CÉLUALA NOSSA SABE, PROCLAMA SUA INTENÇÃO E ATUA EM CONSEQUÊNCIA MANTENDO NÍVEIS ÓTIMOS DE CONSTANTE BOA SAÚDE E REJUVENECIMENTO FISICO, MENTAL, EMOCIONAL E ESPIRITUAL DE NOSSOS SISTEMAS.

EU…….CRIO O MEU MUNDO, SOU LIVRE DO ESPAÇO E DO TEMPO E SOU PARTE DE TUDO O QUE É .

EU HONRO ESTA TERRA, HONRO MINHA PRÓPRIA EXISTÊNCIA, VIVO NO AGORA, E ACEITO MINHA REALIDADE PRESENTE.

ACEITO O QUE TENHO, ACEITO O QUE SOU E ACEITO SER, POIS EU SEI QUE A GRATIDÃO PELO MOMENTO PRESENTE E PELA PLANITUDE DA VIDA AGORA, É A VERDADEIRA PROSPERIDADE QUE CONTINUAMENTE SE MANIFESTA A MIM DE MUITAS FORMAS.

ASSIM, EU ESTOU EM CONTATO PERMANENTE COM TODOS OS NÍVEIS DE MEU EU MULTIDIMENSIONAL QUE DISFRUTA DE TOTAL PROSPERIDADE MATERIAL , A QUAL SE MANISFESTA TOTALMENTE NO NÍVEL MULTIDIMENSIONAL ONDE SE ENCONTRA ESTA PARTE EXPANDIDA DE MIM, AQUI, AGORA, NO PLANETA TERRA.

EU…..MEREÇO ESTAR AQUI AGORA, E SOU MERECEDORA DE MUITAS COISAS BOAS .

PORTANTO, ME ABRO E COMPREENDO QUE MEREÇO DISPOR DE PLENA ABUNDÃNCIA PARA SUPRIR TODOS OS MEUS DESEJOS E NECESSIDADES, E COMPREENDO QUE O ESPIRITO ESTÁ AQUI PARA DAR-ME AMOR,PAZ,EQUILIBRIO,SAÚDE E PROSPERIDADE.

SOMENTE AS COISAS BOAS ADEREM A MIM , POIS EU SOU UMA PEÇA DA TOTALIDADE EU SOU PERFEITO ANTE A VISÃO DO ESPIRITO .NENHUMA PALAVRA HUMANA PODE MUDAR O EU SOU, POIS EU SOU O QUE SOU E MEREÇO ESTAR AGORA NESTE BELO LUGAR CHAMADO TERRA.

EU SOU O QUE SOU , EU SOU TUDO O QUE SOU, EU SOU TUDO O QUE SOU E TUDO O QUE É , EU SOU UNO COM O TODO.

DE ACORDO COM O PLANO E A VONTADE DIVINA, EU….COMO UM SER MULTIDIMENSIONAL QUE SOU, CONVOCO A TODOS OS MESTRES ASCENDIDOS E A TODOS OS SERES DE LUZ QUE ESTEJAM ENVOLVIDOS COM OS CONHECIMENTOS QUE DEVA RECEBER, A QUE ME TRANSMITAM A TOTALIDADE DESTES CONHECIMENTOS NOS NÍVEIS ADEQUADOS E ME INDIQUEM COMO PROCEDER , PARA SUA INTERPRETAÇÃO, APLICAÇÃO E DIVULGAÇÃO E PARA ASSIM HONRAR E CO-CRIAR HARMONIOSAMENTE O MATRIMÔNIO TOTAL COM O CONTRATO DE APRENDIZAGEM QUE EU MESMA ME COMPROMETI COM O ESPIRITO.

EM NOME DO ESPIRITO EU…. CO-CRIO QUE ENFRENTO A MUDANÇA SEM TEMOR E SEM PARTICIPAR EM NENHUMA SITUAÇÃO APOLÍTICA COLETIVA.

EM NOME DO ESPIRITO , EU…..CO-CRIO AS QUALIDADES DO PERDÃO E A COMPAIXÃO INCONDICIONAL E O AMOR INTER E INTRAPESSOAL E A PERFEITA SAÚDE, FISICA, MENTAL E ESPIRITUAL.

EM NOME DO ESPIRITO EU CO-CRIO A OBTENÇÃO DO CONHECIMENTO DESTA NOVA ENERGIA, COM TODOS OS SEUS ALCANCES, COM TODAS AS SUAS FERRAMENTAS, E NO MAIS PURO AMOR, E PARA UTILIZA-LO PARA O MEU PRÓPRIO BEM , MINHA SABEDORIA, MINHA MESTRIA., E PARA GUIANÇA E O BEM DE TODA A HUMANIDADE.

EM NOME DO ESPIRITO, EU…. CO-CRIO A MAIS ALTA ENERGIA ESPIRITUAL CRIADORA DE TODO TIPO, DE RECURSOS INTELECTUAIS , ESPIRITUAIS E MATERIAIS, PARA DIVULGAR, CORRETAMENTE, APROPRIADAMENTE, E COM DESAPEGO TODOS OS CONEHCIMENTOS QUE SE ME INDIQUEM E PARA OBTER SEM ESFORÇO TODOS OS RECURSOS FINANCEIROS QUE SEJAM NECESSÁRIOS PARA REALIZAR CORRETA E APROPRIADAMENTE MINHA MISSÃO, PARA VIVER FOLGADAMENTE , COM QUALIDADE DE VIDA, E PARA COMPARTILHAR COM OS OUTROS MINHA PROSPERIDADE MATERIAL.

AS COISAS POSSIVELMENTE NUNCA SEJAM AQUILO QUE PAREÇAM.

PORTANTO, EU….COMO SER MULTIDIMENSIONAL QUE SOU , NESTA HORA NESTE MOMENTO, PEÇO SER ENVOLTO NA LUZ BRANCA DOURADA DA CRIAÇÃO, PARA TRABALHAR INTEGRALMENTE COM A DIVINA PRESENÇA POR CIMA DE MINHAS PROVÁVEIS CRENÇAS OU LIMITAÇÕES , PARA ESTAR PERMANENTEMENTE CONECTADO COM ALTA PERCEPÇÃO E ADEQUADA EXPRESSÃO, PARA ATUAR SEMPRE DE ACORDO COM O PLANO DIVINO DA LUZ, HONRANDO O ESPIRITO E AOS DESÍGNIOS SUPERIORES DO PLANO MESTRE DE TUDO O QUE É.

EU…LIBERO COMPLETAMENTE E COM TOTAL CONFIANÇA O RESULTADO DESTA AFIRMAÇÃO. COLOCANDO-A NAS MÃOS DO ESPIRITO DE MEU EU MULTIDIMENSIONAL E ME DESAPEGO DO PROCESSO.

ASSIM É.

AFIRMEM

Eu sou o único pensador em minha mente. E eu escolho ter pensamentos alegres, felizes, amorosos e positivos, durante 24 horas, nos 7 dias da semana. Eu amo a Vida e a Vida me ama.
"TUDO ESTÁ BEM EM MEU MUNDO"

segunda-feira, 10 de maio de 2010

A Ampliação Cognitiva rumo ao Corpo Universal

Por Mariana Montenegro Martins

Um antigo conhecimento vem sendo redescoberto. Àquele que ensina nossos ancestrais sobre a natureza do ser e do meio ambiente que nos rodeia. Ser e meio ambiente formavam para os antigos xamãs uma só realidade indivisível. Todo o conhecimento ensinado pelos antigos versava sobre essa mesma verdade fundamental: a unidade de tudo o que existe.
Em diferentes tradições xamânicas encontramos esse logos, esse saber fundado nas relações, no padrão de ligação entre tudo o que existe. Vivenciamos em aula um exercício, conduzido por Daniele Calmon, em que essa forma de compreender o mundo pôde ser experimentada. Dani sugeriu uma visualização que nos levou a ser a natureza, nos fez sentir no corpo as sensações da água, da terra, dos animais, do ser humano e dos espíritos.
Nos colocamos no lugar dos objetos observados, não observamos de fora, a proposta era sentir como é ser a coisa, o objeto de que pensamos, até nos tornamos a própria floresta, o próprio animal pensado. Sentindo no corpo as sensações de ser uma árvore, a corrente de um rio a jusante a bater sobre as pedras, as tensões de ser a presa de um tigre faminto.
Leonardo Boff fala de um novo paradigma de coexistência na Terra, em que todo conhecer é uma experiência do sentir. Segundo Boff (2000:100), “A dinâmica básica do ser humano é o pathos, é o sentimento, é o cuidado, é a lógica do coração”. Este paradigma de que fala Boff vem substituir o paradigma antropocêntrico, já esgotado e que vem esgotando a vida no planeta, inclusive a vida dos próprios humanos.
O paradigma antropocêntrico não serve nem aos humanos. Em nível social vemos um cenário de desigualdade e sofrimento, não se trata então da raça humana como um todo se pondo como superior a tudo o mais, se trata, considerando os efeitos das desigualdades sociais, de um modelo de sociedade que atende aos interesses apenas de uma minoria de humanos. E que vem a se opor a tudo o mais.
Maturana (1995), biólogo chileno, fala de uma biologia do “amor”. E que seria esta a própria natureza das relações bióticas. Como na natureza, assim também no mundo humano. Existe uma outra possibilidade de organização social que não essa fundada na negação do outro, mas que anterior a ela e mais básica, é a da aceitação do outro como legítimo na convivência. O biólogo fala de um “fundamento biológico do fenômeno social”. O que para tal deve haver amor, que se tem pela aceitação do outro, sem o qual não há socialização, e, consequentemente, não há também humanidade.
A natureza é orgânica nesse fundamento relacional. Quer dizer, seu modo de operação é sistêmico. A diversidade na natureza forma um conjunto integrado, um circuito fechado em que não há perda de energia, tudo é aproveitado e está em permanente dinâmica relacional. Já os humanos precisariam ampliar seu “domínio cognitivo reflexivo”, nas palavras de Maturana, para chegar a esse encontro com o outro.
Saber ser-em-comum. Saber cuidar. Mas como realizar isso se nosso domínio cognitivo reflexivo é competitivo? Como mudar esse padrão, sair desse paradigma antropocêntrico que não serve nem à humanidade como um todo? Existem sim propostas, saídas, alternativas para isso.
Noutra aula, pude pessoalmente levar uma proposta. A Yoga do Som. Que não pôde ser explicada na sua totalidade, mas que tentou pincelar certos princípios. O primeiro deles é a conscientização do que se sente através da auto-observação. Se eu estou consciente de meus movimentos – físico, etérico, emocional, mental, espiritual – dou o primeiro passo no sentido de ampliar meu domínio cognitivo reflexivo.
Em seguida posso escolher como me relacionar com meus movimentos internos e externos. O som é vibração. Cada gesto ou palavra humana tem um som, vibra de uma tal maneira, em determinadas freqüências, que podem ser mais altas ou mais baixas. Quando sinto amor, estou numa vibração alta, de conexão com o mundo ao meu redor. Se estou numa vibração baixa, de tristeza por exemplo, entro em desconexão com o outro, não legitimo ao outro nem a mim mesmo nesse momento.
Todas as emoções são sadias quando fluidas, quando passam, vem, fazem o seu trabalho, e vão, dando lugar a novas. A Yoga do Som oferece meios de mudar padrões celulares através do som quando a emoção não passa, quando permanecemos presos a um padrão energético emocional ou mental repetitivo. Nesse momento o amor, que é uma energia, não encontrará passagem, porque o canal foi obstruído.
O povo Lakota, na América do Norte, na sua medicina, fala às suas células e cantam para curar suas doenças. Para eles, assim como para várias outras tradições ancestrais, nosso corpo sente e pensa. A capacidade da inteligência para eles não é exclusiva do cérebro. Cada célula do corpo possui um receptor inteligente, o que a ciência convencionou chamar de neuropeptídios.
O próprio coração hoje já não é visto pela ciência como uma simples bomba. O campo da Neurocardiologia admite ser o coração um órgão sensorial, um centro muito sofisticado de processamento de informações, e independente do córtex cerebral. E é sabido também que o coração interage com o cérebro e com o resto do corpo através de um campo elétrico.
Na cultura Inca tudo é reciprocidade. Por isso, quando alguém adoece, ou se enche de energia pesada, é invocada a cura através de cantos e orações, danças e ritos catárticos, para que aquela parte do corpo se harmonize com a “pachamama”, desbloqueando a energia retida.
Muitas tradições apontam para um entendimento do corpo como ser sensível e de inteligência. Esse conhecimento que contempla o universal, que vê o “universo numa casca de nós”, como dizia Shakespeare, e antes considerado mágico, já passa a ser também observado pela ciência moderna. Até o filósofo Friedrich Nietzsche fez suas observações vislumbrando os desafios dos espíritos vindouros:
“A humanidade deve se propor metas universais que abarquem todo o planeta (...) Se a humanidade não há de se destruir devido à posse consciente de tais metas universais, deve antes de tudo atingir um conhecimento sem precedentes a respeito das condições básicas geradoras da cultura, como um guia científico para as metas universais. Nisso radica o incrível desafio a ser enfrentado pelos grandes espíritos do século vindouro”.[1]
Nesse rastro está a Ecologia, como ciência da casa (oikos, do grego), que nos desafia a ampliar nosso horizonte cognitivo, desde o nosso corpo até o corpo maior coletivo, planetário e universal. Encontro esse, que só pode se dar, no amor.

domingo, 9 de maio de 2010

A mulher e o mar

"Aí estava o mar, a mais ininteligível das existências não-humanas. E ali estava a mulher, de pé, o mais ininteligível dos seres vivos. Como o ser humano fizera um dia uma pergunta sobre si mesmo, tornara-se o mais ininteligível dos seres onde circulava sangue. Ela e o mar.
Só poderia haver um encontro de seus mistérios se um se entregasse ao outro: a entrega de dois mundos incognoscíveis feita com a confiança com que se entregariam duas compreensões.
Lóri olhava o mar, era o que podia fazer. Ele só lhe era delimitado pela linha do horizonte, isto é, pela incapacidade humana de ver a curvatura da terra.
Deviam ser seis horas da manhã. O cão livre hesitava na praia, o cão negro. Por que é que um cão é tão livre? Porque ele é o mistério vivo que não se indaga. A mulher hesita porque vai entrar.
Seu corpo se consola de sua própria exiguidade em relação a vastidão do mar porque é a exiguidade do corpo que o permite tornar-se quente e delimitado, e o que a tornava pobre e livre gente, com sua parte de liberdade de cão nas areias. Esse corpo entrará no ilimitado frio que sem raiva ruge no silêncio da madrugada.
A mulher não está sabendo: mas está cumprindo uma coragem. Com a praia vazia nessa hora, ela não tem o exemplo de outros humanos que transformam a entrada no mar em simples jogo leviano de viver. Lóri está sozinha. O mar salgado não é sozinho porque é salgado e grande, e isso é uma realização da Natureza. A coragem de Lóri é a de, não se conhecendo, no entanto prosseguir, e agir sem se conhecer exige coragem.
Vai entrando. A água salgadíssima é de um frio que lhe arrepia e agride em ritual as pernas.
Mas uma alegria fatal - a alegria é uma fatalidade- já a tomou, embora nem lhe ocorra sorrir. Pelo contrário, está muito séria. O cheiro é de uma maresia tonteante que a desperta de seu mais adormecido sono secular.
E agora está alerta, mesmo sem pensar, como um pescador está alerta sem pensar. A mulher é agora uma compacta e uma leve e uma aguda - e abre caminho na gelidez que, líquida, se opõe a ela, e no entanto a deixa entrar, como no amor em que a oposição pode ser um pedido secreto.
O caminho lento aumenta sua coragem secreta - e de repente ela se deixa cobrir pela primeira onda! O sal, o iodo, tudo líquido deixam-na por uns instantes cega, toda escorrendo - espantada de pé, fertilizada.
Agora que o corpo todo está molhado e dos cabelos escorre água, agora o frio se transforma em frígido. Avançando, ela abre as águas do mundo pelo meio. Já não precisa de coragem, agora já é antiga no ritual retomado que abandonara há milênios. Abaixa a cabeça dentro do brilho do mar, e retira uma cabeleira que sai escorrendo toda sobre os olhos salgados que ardem. Brinca com a mão na água, pausada, os cabelos ao sol quase imediatamente já estão se endurecendo de sal. Com a concha das mãos e com a altivez dos que nunca darão explicação nem a eles mesmos: com a concha das mãos cheias de água, bebe-a em goles grandes grandes, bons para a saúde de um corpo.
E era isso o que estava lhe faltando: o mar por dentro como o líquido espesso de um homem.
Agora ela está toda igual a si mesma. A garganta alimentada se constringe pelo sal, os olhos avermelham-se pelo sal que seca, as ondas batem e voltam, lhe batem e voltam pois ela é um anteparo compacto.
Mergulha de novo, de novo bebe mais água, agora sem sofreguidão pois já conhece e já tem um ritmo de vida no mar. Ela é a amante que não teme pois que sabe que terá tudo de novo.
O sol se abre mais e arrepia-a ao secá-la, ela mergulha de novo: está cada vez menos sôfrega e menos aguda. Agora sabe o que quer: quer ficar de pé parada no mar. Assim fica, pois. Como contra os costados de um navio, a água bate, volta, bate, volta. A mulher não recebe transmissões nem transmite. Não precisa de comunicação.
Depois caminha dentro da água de volta à praia, e as ondas empurram-na suavemente ajudando-a a sair. Não está caminhando sobre as águas - ah nunca faria isso depois que há milênios já haviam andado sobre as águas - mas ninguém lhe tira isso: caminhar dentro das águas. Às vezes o mar lhe opõe resistência à sua saída puxando-a com força para trás, mas então a proa da mulher avança um pouco mais dura e áspera.
E agora pisa na areia. Sabe que está brilhando de água, e sal e sol. Mesmo que o esqueça, nunca poderá perder tudo isso. De algum modo obscuro seus cabelos escorridos são de náufrago. Porque sabe - sabe que fez um perigo. Um perigo tão antigo quanto o ser humano".

Clarice Lispector - "Uma aprendizagem ou o livro dos prazeres"

domingo, 11 de abril de 2010

OS ANCESTRAIS E AS DIFERENTES INTELIGÊNCIAS

"De acordo com os ancestrais de diferentes partes de nosso mundo, nosso corpo sente e pensa. Por exemplo, no caso dos ancestrais das tribos australianas, quando uma pessoa se fere ou adoece, a tribo se reúne ao redor do enfermo e canta pedindo perdão à ferida ou parte afetada. E esta começa automaticamente a dar sinais de melhora e ocorrem curas milagrosas.

O mesmo ocorre nas assombrosas curas dos kahunas ou médicos magos havaianos. Eles entram em oração direta com a parte afetada pedindo-lhe perdão. Esse ato de oração envolve os magos, o paciente e todas as vidas durante as quais eles possam ter se encontrado e se envolvido com essa pessoa. E também ocorrem curas consideradas milagrosas. ( HOPO NO PONO OU
SAINT GERMAIN LEMBRAM??? )

No conhecimento ancestral Inca, tudo é reciprocidade, quando alguém adoece ou se enche de energia pesada ou “hucha”, por ter atitudes egoístas, não deixando fluir o “sami” ou energia leve. Por isso nas curas se pede para aquela parte do corpo se harmonizar com ‘pachamama’ permitindo que o bloqueio se reequilibre.

E a pessoa se cura.

No caso dos Lakotas, na América do Norte, eles falam com o corpo para informar-lhe que existe uma medicina que vai curá-lo. E logicamente as pessoas se curam. Como vemos, examinando alguns casos de medicina ancestral, chegamos a uma interessante conclusão: os ancestrais aceitavam as partes de nosso corpo como um ser completamente inteligente e autônomo do cérebro. Isso durante os últimos séculos passou a ser considerado como fraude ou superstição.

Mas vejamos agora as descobertas mais recentes da ciência. Você vai ficar estupefata (o).

A sabedoria do corpo é um bom ponto de acesso às dimensões ocultas da vida: é totalmente invisível, mas inegável. Os investigadores médicos começaram a aceitar este fato em meados dos anos oitenta. Anteriormente se considerava que a capacidade da inteligência era exclusiva do cérebro. Então foram descobertos indícios de inteligência no sistema imune e, logo a seguir, no
digestivo.

A INTELIGÊNCIA DO SISTEMA IMUNE

A Dra. Bert descobriu (e logo outros cientistas confirmaram) , que existem tipos de receptores inteligentes não só nas células cerebrais, mas em todas as células, de todas partes do corpo (chamaram inicialmente de neuropeptídios) .
Quando começaram a observar as células do sistema imunológico, por exemplo, as que protegem contra o câncer, contra as infecções, etc., encontraram receptores dos mesmos tipos que os do cérebro.

Em outras palavras, suas células imunológicas, as que o protegem do câncer e das infecções, estão literalmente vigiando cada um dos seus pensamentos, cada emoção, cada conceito que você emite, cada desejo que tem. Cada pequena célula T e B do sistema imunológico produz as mesmas substâncias químicas produzidas pelo cérebro quando pensa. Isto torna tudo muito interessante, porque agora podemos dizer que as células imunológicas são pensantes. Não são tão elaboradas como as células cerebrais, que podem pensar em português, inglês ou espanhol. Mas sim, elas pensam, sentem, se emocionam, desejam, se alegram, se entristecem, etc. E isto é a causa de enfermidades, de stress,câncer, etc. Quando você se deprime entram em greve e deixam passar os vírus que se instalam em seu corpo.

A INTELIGÊNCIA DO SISTEMA DIGESTIVO

Há dez anos parecia absurdo falar de inteligência nos intestinos. Sabia-se que o revestimento do trato digestivo possui milhares de terminações nervosas, mas que eram consideradas simples extensões do sistema nervoso, um meio para manter a insossa tarefa de extrair substâncias nutritivas do alimento. Hoje sabemos que, depois de tudo, os intestinos não são tão insossos. Estas células nervosas que se estendem pelo trato digestivo formam um fino sistema que reage a acontecimentos externos: um comentário perturbador no trabalho, um perigo iminente, a morte de um familiar. As reações do estômago são tão confiáveis como os pensamentos do cérebro, e
igualmente complicadas.

A INTELIGÊNCIA DO FÍGADO

As células do cólon, fígado e estômago também pensam, só que não com a linguagem verbal do cérebro. O que chamamos “reação visceral” é apenas um indício da complexa inteligência destes milhares de milhões de células. Em uma revolução médica radical, os cientistas acessaram uma dimensão oculta que ninguém suspeitava: as células nos superaram em inteligência durante
milhões de anos.

A INTELIGÊNCIA DO CORAÇÃO

Muitos acreditam que a consciência se origina unicamente no cérebro. Recentes investigações científicas sugerem, de fato, que a consciência emerge do cérebro e do corpo atuando juntos. Uma crescente evidência sugere que o coração tem um papel particularmente significativo neste processo.
Muito mais que uma simples bomba, como alguma vez se acreditou, o coração é reconhecido atualmente pelos cientistas como um sistema altamente complexo, com seu próprio e funcional “cérebro”.

Ou seja, o coração tem um cérebro ou inteligência. Segundo novas investigações no campo da Neurocardiologia, o coração é um órgão sensorial e um sofisticado centro para receber e processar informação. O sistema nervoso dentro do coração (ou o “cérebro do coração”) o habilita a aprender,recordar e tomar decisões funcionais independentemente do córtex cerebral.
Além da extensa rede de comunicação nervosa que conecta o coração com o cérebro e com o resto do corpo, o coração transmite informação ao cérebro e ao corpo, interagindo através de um campo elétrico".

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Sobre o livro Mulheres que Correm com os lobos

"Era uma vez uma mulher. Essa mulher era amada. Por ser amada, era reconhecida como inteira em si mesma. Por ser reconhecida, era livre para existir. Essa mulher vivia com os pés na terra e a cabeça nas nuvens, possuía todos os atributos de uma deusa. Era humana e ao mesmo tempo divina e havia algo de selvagem em seus olhos que nenhuma civilização ou religião poderiam domar.Por isso mesmo,essa mulher foi temida e, por ser temida, foi reprimida e banida do convívio dos demais. Ela foi queimada nas fogueiras da ignorância, amordaçada nas malhas da censura, presa nas correntes da indiferença. Após tantos séculos de repressão, aqueles que a haviam reprezado acreditavam que sua luz havia finalmente se extinguido; que sua natureza selvagem e aterradora havia desaparecido por completo. Porém, essa mulher faz parte da própria natureza, ela é a própria natureza e não pode ser aniquilada. De sua completude temos apenas resquícios mas ela sobrevive nas histórias e nos contos de fada e no fundo da alma de todos, homens e mulheres que sentem um profundo sentimento de vazio e solidão em suas vidas. Eles escutam o chamado que vem dos ossos, das profundezas da carne. O chamado da mulher selvagem, há muito reprimida, há muito massacrada mas de nenhuma forma esquecida.
Clarissa Pinkola Estés nesse brilhante livro sai em busca "daquela que sabe", a mulher selvagem. É um verdadeiro trabalho de escavação das partes mais subterrâneas da psique em busca de algo muito precioso que foi há muito tempo contido. Através de contos de fada e mitos, a autora procura aos poucos revelar as muitas facetas da alma feminina que tem sido tão maltratada não apenas pela sociedade mas pela própria mulher, que se afastou de sua parte selvagem.
Mulheres que correm com os lobos é uma verdadeira viagem ao interior daquela parte mais profunda de nós mesmos da qual insistimos em fugir. É uma busca por aquilo que há de mais verdadeiro e mais essencial em cada um de nós. Uma missão de vida que, mais cedo ou mais tarde, todos teremos que cumprir. "

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Canto à Hierarquia celeste


domingo, 7 de fevereiro de 2010




Ó Saturno! Deus de anéis reluzentes. Grande força que navega na imensidão dos céus! Tende piedade de nós, teus filhos e filhas, que na Terra, buscam viver a altura das tuas influências. Ó tu, que és o Cronos, o tempo que nos devora. Tu, pai exigente, que limita teus filhos, para assim, na tua razão celestial, fazê-los crescer. És na ciência dos astros o grande ancião, o temível que devora os próprios filhos. Nós diante de ti pedimos clemência, rogamos à santa Paciência para viver tua fase inevitável. Tu és aquele que faz os dias passarem lentos, tu és o suor e as lágrimas do trabalho árduo e da vida dura. Rogo a ti para que seu jugo, inevitável, me faça forte e sólida como rocha!
Mas rogo ainda mais e fervorosamente à Júpiter, teu filho que te sucede, que a ti derrota e libera as correntes. Ó grande Júpiter! Ó Zeus! Tu és o senhor do Olimpo! Tu és a expansão e a prosperidade! A alegria e a festa são por ti conduzidas. Tu, o maior, é quase uma estrela!
E mais além de ti ainda está o regente maior, o Rei dos reis, o grande Helius - o Sol!!! Mais forte ainda rogo ao Sol. Mesmo em dias saturninos, quando o sol parece não brilhar. Mesmo quando os anéis laçam os dedos. Mesmo quando tolhida, ou mesmo quando um dia expandida, não descansarei! Até que fora dos dias, para além do tempo que devora ou da abundância que me expande, eu possa te ver reinar, absoluto, sobre toda a abóboda celeste! Neste dia minhas ilusões terão acabado e verei, enfim, que tu és a única realidade. Neste dia então saberei o que Eu Sou.

terça-feira, 9 de março de 2010

Loja de Deus

Caminhando pela rua vi uma loja que se chamava a Loja de Deus. Entrei na loja e vi um anjo no balcão. Maravilhado lhe perguntei:
-Santo Anjo do Senhor, o que vendes?
Ele me respondeu:
-Todos os dons de Deus.
-Custa muito caro?
-Não, tudo é de graça.
Contemplei a loja e vi jarros e vidros de fé, pacotes de esperança, caixinhas de salvação e sabedoria.
Tomei coragem e pedi:
-Por favor, quero muito amor de Deus, todo perdão dele, vidros de fé, bastante felicidade e salvação eterna para mim e para toda a minha família. Então o anjo do Senhor preparou um pequeno embrulho que cabia na minha mão.
Sem entender perguntei-lhe:
-Como é possível colocar tantas coisas nesse pequeno embrulho?
O anjo respondeu-me sorrindo:
-Meu querido irmão, na loja de Deus não se oferecem frutos, apenas as sementes.
(Autor Desconhecido)

quarta-feira, 3 de março de 2010

Semelhante atrai semelhante - OSHO

Somente uma pessoa amorosa, aquela que realmente é amorosa; pode encontrar o parceiro certo.
Essa é minha observação: se você está infeliz você irá encontrar alguém também infeliz. Pessoas infelizes são atraídas pelas pessoas infelizes. E isso é bom, é natural. É bom que as pessoas infelizes não sejam atraídas pelas pessoas felizes; senão elas destruiriam a felicidade delas. Está perfeitamente bem.
Somente pessoas felizes são atraídas pelas pessoas felizes. O semelhante atrai o semelhante. Pessoas inteligentes são atraídas pelas pessoas inteligentes; pessoas estúpidas são atraídas pelas pessoas estúpidas.
Você encontra as pessoas do mesmo plano. Então a primeira coisa a lembrar é: um relacionamento está fadado a ser amargo se este surgiu da infelicidade.
Primeiro seja feliz, seja alegre, seja festivo e então você encontrará alguma outra alma festiva e haverá um encontro de duas almas dançantes e uma grande dança irá surgir disso.
Não peça por um relacionamento a partir da solitude, não. Assim você estará indo na direção errada. Então o outro será usado como um meio e o outro lhe usará como um meio. E ninguém quer ser usado como um meio! Cada indivíduo único é um fim em si mesmo. É imoral usar alguém como um meio.Primeiro aprenda como ser só. A meditação é um caminho para ficar sozinho.
Se você puder ser feliz quando você está só, você aprendeu o segredo de ser feliz. Agora você pode ser feliz acompanhado. Se você é feliz, então você tem alguma coisa para compartilhar, para dar. E quando você dá, você obtém; não é de outra maneira. Assim surge uma necessidade de amar alguém.
Geralmente a necessidade é de ser amado por alguém. É a necessidade errada. É uma necessidade infantil; você não está amadurecido. É uma atitude infantil.
Uma criança nasce. Naturalmente, a criança não pode amar a mãe; ela não sabe o que é amar e ela não sabe quem é a mãe e quem é o pai. Ela está totalmente desamparada. Seu ser ainda está para ser integrado; ela ainda não está reunida.
Ela é somente uma possibilidade. A mãe precisa amar, o pai precisa amar, a família precisa banhar a criança de amor. Agora ela aprende uma coisa: que todos têm que amá-la. Ela nunca aprende que ela precisa amar. Agora a criança irá crescer e se ela permanecer presa nessa atitude que todo mundo tem que amá-la, ela irá sofrer por toda sua vida. Seu corpo cresceu, mas sua mente permaneceu imatura.
Uma pessoa amadurecida é aquela que chega a conhecer a necessidade do outro: que agora tenho que amar alguém.
A necessidade de ser amado é infantil, imatura. A necessidade de amar é maturidade.
E quando você está preparado para amar alguém, um belo relacionamento irá surgir; de outra maneira não.
"É possível que duas pessoas num relacionamento sejam más uma para com a outra"?
Sim, isso é o que está acontecendo por todo o mundo. Ser bom é muito difícil. Você não é bom nem para si mesmo.
Como você pode ser bom para outra pessoa?
Você nem mesmo ama a si próprio! Como você pode amar outra pessoa? Ame a si mesmo, seja bom para si mesmo.
Os seus assim chamados santos têm lhe ensinado a nunca amar a si mesmo, para nunca ser bom para si mesmo.
Seja duro consigo mesmo! Eles têm lhe ensinado a ser delicado para com os outros e duro para consigo mesmo. Isso é um absurdo.
Eu lhe ensino que a primeira e mais importante coisa é ser amoroso para consigo mesmo. Não seja duro; seja delicado.
Cuide de si mesmo. Aprenda como se perdoar, cada vez mais e novamente; sete vezes, setenta e sete vezes, setecentos e setenta e sete vezes. Aprenda como perdoar a si próprio. Não seja duro; não seja antagônico consigo mesmo.
Assim você irá florescer.
Nesse florescimento você atrairá alguma outra flor. Isso é natural. Pedras atraem pedras; flores atraem flores. Assim há um relacionamento que possui graça, que possui beleza, que possui uma bênção nele.
Se você puder achar um relacionamento assim, seu relacionamento crescerá para uma oração; seu amor se tornará um êxtase e através do amor você conhecerá o que é o divino.

Sabedoria para o cotidiano



♥ A sua irritação não solucionará problema algum.
♥ As suas contrariedades não alteram a natureza das coisas.
♥ O seu mau humor não modifica a vida.
♥ A sua dor não impedirá que o sol brilhe amanhã sobre os bons e os maus.
♥ A sua tristeza não iluminará os caminhos.
♥ O seu desânimo não edificará ninguém.
♥ As suas lágrimas não substituem o suor que você deve verter em benefício da sua própria felicidade.
♥ As suas reclamações, mesmo afetivas, jamais acrescentarão nos outros um só grama de simpatia por você. NÃO ESTRAGUE SEU DIA!
♥ Aprenda com a Sabedoria Divina a desculpar a si e aos outros infinitamente, construindo e reconstruindo sempre, para um bem infinito.

Kwan Yin - Deusa da Misericórdia

Oração à Espada de Misericórdia de Kuan Yin para eliminar problemas e obstáculos:

Concentre-se na presença de Deus que está no seu interior e, em nome da sua presença do EU SOU e do seu Santo Cristo Pessoal invoque Kuan Yin e a sua espada de misericórdia. Visualize o seu coração brilhando como fogo rosa-violeta da misericórdia. Depois coloque a mão direita sobre o coração e desembainhe a espada de misericórdia. Empunhe esta espada e aponte-a em direção ao núcleo do problema. Sinta a ação do poder da misericórdia fluindo para equilibrar mentes e sentimentos, para transmutar e tornar todos íntegros. Medite na espada e visualize a sua ação penetrante e toda - consumidora. Deixe que a Chama execute o seu trabalho. Fale em voz alta: "Ó Amada Kuan Yin, carregai agora esta espada com a vossa chama do perdão, da verdade, da misericórdia e da liberdade. Tornai o meu braço direito no cetro de poder no mundo da forma e concedei a vossa graça." Faça aqui a sua oração pessoal: "Que a plena expansão da misericórdia do altar do vosso retiro em Pequim se expanda agora pelo meu braço direito e pelo meu coração através desta espada de chama vivente. Que as crianças de Deus na terra saibam que o fogo da misericórdia afastará todos os medos, apagará o fogo das nossas emoções, deterá os tumultos das massas e abrandará os problemas e preocupações da nossa juventude. Submeto todos os meus pedidos À vontade de Deus e somente à vontade de Deus. Em nome do pai, do filho, do Espírito Santo, Amém, Amém, Amém."

(Summit Lighthouse)

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Ave Maria em 6 idiomas

Latim
Ave Maria, gratia plena, Dominus tecum:
Benedicta tu in mulieribus et benedictus fructus ventris tui Jesu.
Sancta Maria, Mater Dei, ora pro nobis peccatoribus,
nunc et in hora mortis nostrae.
Amen.

Italiano
Ave Maria piena di grazia, il Signore è con te.
Tu sei benedetta tra le donne e
benedetto è il frutto del tuo seno Gesù.
Santa Maria, Madre di Dio, prega per noi peccatori,
adesso e nell'ora della nostra morte.
Amen

Espanhol
Dios te salve María llena eres de Gracia, el Señor es contigo.
Bendita eres entre todas las mujeres
y bendito es el fruto de tu vientre Jesús.
Santa María, Madre de Dios, ruega por nosotros los pecadores
ahora y en la hora de nuestra muerte.
Amén

Francês
Je vous salue, Marie pleine de grâce, le Seigneur est avec toi.
Tu es bénie entre toutes les femmes et Jésus,
le fruit de tes entrailles, est béni.
Sainte Marie, Mère de Dieu, prie pour nous, pauvres pécheurs,
maintenant et à l'heure de notre mort.
Amen.

Inglês
Hail Mary, full of grace, The Lord is with thee;
Blessed art thou among women and
blessed is the fruit of thy womb, Jesus.
Holy Mary, Mother of God, pray for us sinners now and
at the hour of our death.
Amen.

Alemão
Gegrüßet seist du, Maria, voll der Gnade, der Herr ist mit dir.
Du bist gebenedeit unter den Frauen,
und gebenedeit ist die Frucht deines Leibes, Jesus.
Heilige Maria, Mutter Gottes, bitte für uns Sünder jetz tund in der
Stunde unseres Todes.
Amen.

(De Gounod)

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Medo

O medo é a frequência da manipulação. É o alimento da sombra. É o medo que faz as pessoas perderem os escrúpulos. O medo justifica o caos e afasta o amor. O medo é ignorância, porque é a negação do desconhecido e do infinito, que estarão sempre inevitavelmente diante de nós.

Lenine e Julieta Venegas cantam: Medo

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Astrologia

Minha estrela não é a de Belém:
A que, parada, aguarda o peregrino.
Sem importar-se com qualquer destino
A minha estrela vai seguindo além...

— Meu Deus, o que é que esse menino tem? —
Já suspeitavam desde eu pequenino.
O que eu tenho? É uma estrela em desatino...
E nos desentendemos muito bem!

E quando tudo parecia a esmo
E nesses descaminhos me perdia
Encontrei muitas vezes a mim mesmo...

Eu temo é uma traição do instinto
Que me liberte, por acaso, um dia
Deste velho e encantado Labirinto.

(Letra de Mario Quintana e música de Lui Coimbra)

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Luar

"O Luar é a Luz do Sol, que está sonhando..."

Mario Quintana

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Canto à Hierarquia celeste


Ó Saturno! Deus de anéis reluzentes. Grande força que navega na imensidão dos céus! Tende piedade de nós, teus filhos e filhas, que na Terra, buscam viver a altura das tuas influências. Ó tu, que és o Cronos, o tempo que nos devora. Tu, pai exigente, que limita teus filhos, para assim, na tua razão celestial, fazê-los crescer. És na ciência dos astros o grande ancião, o temível que devora os próprios filhos. Nós diante de ti pedimos clemência, rogamos à santa Paciência para viver tua fase inevitável. Tu és aquele que faz os dias passarem lentos, tu és o suor e as lágrimas do trabalho árduo e da vida dura. Rogo a ti para que seu jugo, inevitável, me faça forte e sólida como rocha!
Mas rogo ainda mais e fervorosamente à Júpiter, teu filho que te sucede, que a ti derrota e libera as correntes. Ó grande Júpiter! Ó Zeus! Tu és o senhor do Olimpo! Tu és a expansão e a prosperidade! A alegria e a festa são por ti conduzidas. Tu, o maior, é quase uma estrela!
E mais além de ti ainda está o regente maior, o Rei dos reis, o grande Helius - o Sol!!! Mais forte ainda rogo ao Sol. Mesmo em dias saturninos, quando o sol parece não brilhar. Mesmo quando os anéis laçam os dedos. Mesmo quando tolhida, ou mesmo quando um dia expandida, não descansarei! Até que fora dos dias, para além do tempo que devora ou da abundância que me expande, eu possa te ver reinar, absoluto, sobre toda a abóboda celeste! Neste dia minhas ilusões terão acabado e verei, enfim, que tu és a única realidade. Neste dia então saberei o que Eu Sou.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Desrazão

O sexo e o cérebro não são músculos, nem podem ser. Disso decorrem várias conseqüências importantes, das quais esta não é a menor: não amamos o que queremos, mas o que desejamos, mas o que amamos e que não escolhemos.

(Pequeno Tratado das Grandes Virtudes)

domingo, 31 de janeiro de 2010

Dia-logos

Tristeza - Eu sou senhora.
Felicidade-Eu sou sempre jovem. Sou a irmã da esperança.
Tristeza-A esperança, esta tua irmã, é o que se espera, não o que se alcança.
Felicidade- Pois para mim é como caminhar, uma trilha a sempre percorrer.
Tristeza-Mas para seres feliz, para seres aquilo que tudo és, não necessitas de algo que lhe faça feliz?
Felicidade-Sim e não.
Tristeza-Você não tem uma resposta?
Felicidade-Tudo o que tenho é a minha esperança.
Tristeza-Mas isso é muito pouco, isso não é nada!
Felicidade-É tudo para mim. Me basta caminhar com a esperança.
Tristeza-Mas e se a esperança te faltar? Você acabará como eu. Verás que eu tinha razão.
Felicidade-Pode ser.
Tristeza-Viu? Mais uma vez você não sabe. Felicidade, tu só te encontras em horas de descuido! Ninguém em sã consciência jamais foi feliz além de por uns breves momentos.
Felicidade-Diga o que quiser, dona tristeza. Meu saber é minha esperança. Nada mais.
Tristeza-Tudo bem, você é sempre jovem, não posso culpá-la por não entender como é a vida.
Felicidade-Tudo bem, você é sempre velha, e tuas rugas turvam tua compreensão! Saiba que esse fato é tão velho quanto a senhora: "Só as mulheres felizes têm direito à felicidade".

sábado, 30 de janeiro de 2010

Fanatismo

Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida.
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer razão do meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida!

Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!

“Tudo no mundo é frágil, tudo passa...”
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!

E, olhos postos em ti, digo de rastros:
“Ah! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: Princípio e Fim!...”

(Florbela Espanca)

Ser poeta

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!
É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!
E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!

(Florbela Espanca)

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Eros e Psique

Segundo Leonardo Boff, o pathos (sentimento profundo) é mais fundamental que o logos (razão objetiva). Ele afirma que o pathos está "na raiz do novo paradigma de convivência com a Terra. Dessa ausculta da Terra e da paixão por ela, nasce o cuidado essencial".
A piada do paradigma cartesiano-newtoniano-blá-blá-blá é: Penso, logo existo. Eu sou inclinada a concordar com o bofe e dizer: Sinto, logo existo. Existo em relação, e como Eros, em pathos!
No mito, o amor (Eros) significa o declínio do eu (Psiquê). "Só existe uma maneira de perceber Eros: colocar para fora o excesso de individualidade", ou seja, de psique, de logos. "Só esvaziando o ego é que se abrirá um espaço para conhecer a energia de Eros". No entanto, o declínio é o início de uma jornada de aprofundamento e de transformação.
Psiquê recita no fim do mito com Eros:
"Olha sempre para o olhar salvador (do amor),
tão contrito e delicado,
agradece a habilidade celestial
de poderes te transformar
põe-te a serviço dela,
donzela, mãe, rainha,
todos os teus sentidos,
ó Deus, tende piedade"
(referências: Boff, L. Saber Cuidar, Sociedade das Ciências Antigas )

O Templo da Cura

No pórtico do templo de Asclépio se podia ler o tema básico da sua medicina:
Puro deve ser aquele que entra no templo perfumado. Pureza é ter pensamentos sadios, o que chamavam de nooterapia (terapia da mente).

Em Epidauro, templo da cura na Grécia, as curas eram processadas de forma holística, através da dança, música, ginástica, poesia, ritos e sono sagrado. Havia o Abaton, santuário onde os enfermos dormiam para terem sonhos de comunhão com a divindade que os tocava e curava. Havia o Odeon, local onde se podia ouvir música tranquilizadora e eram lidos poemas de enlevo. Havia o Ginásio, onde se faziam exercícios físicos integradores da mente/corpo. Havia o Estádio para esportes de competição controlada para melhorar o tônus corporal. Havia o Teatro para dramatização de situações complexas da vida para desdramatizá-las e facilitar a cura. Havia a Biblioteca, onde se podia consultar livros, admirar obras de arte e participar de discussões sobre os mais diversos assuntos.

(BOFF, Leonardo. Saber Cuidar. 1999, Editora Vozes.)

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

A Sacerdotiza do Tarô

Plano Espiritual:
Na figura central a Deusa Ísis o invade com suas coroas, e não há mais nenhum atributo. Na cabeça, a cobra é o símbolo da iniciação, as coroas simbolizam os tronos do Egito: O Alto, Médio e Baixo Egito.

Plano Mental:
Na mitologia, a Deusa Ísis era a Grande Mãe, a Sacerdotisa. Dotada do conhecimento e de poderes ocultos. Ao redor dela, a Coluna de Djed e sua sombra. A coluna do lado esquerdo da carta (passado), é a real, e a do lado direito (direito) a sua sombra. Ressaltando as faculdades da deusa: a clarividente, com capacidade de ver o passado, o presente e o futuro. Em uma mão ela tem o papiro do Livro dos Mortos, que é o símbolo da sabedoria humana. Na outra a chave do saber adquirido.

Plano Material:
A coluna de Djed significa a reencarnação. A coluna colorida representa o renascimento. A coluna preta, a sombra, representa as vidas passadas.


quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Perséfone


Reencontrei escritos de Clarice Lispector essa semana. Reencontrei a mulher Perséfone em mim, e a princípio quis negá-la. Perséfone representa o arquétipo da mulher que conhece a "noite escura da alma". É a mulher que fez a descida ao mundo do Hades, ao mundo oculto, e que perdeu a inocência.
Perséfone corresponde na mitologia hindu à deusa Kali, que no Evangelho de Ramakrishna é descrita da seguinte forma:

"Seu pescoço é envolto por uma guirlanda de cabeças, sua cintura com um cinturaõ de braços humanos, duas de suas mãos portam armas de morte, e seus olhos faíscam lampejos de fogo, mas sentia em seu hálito o toque balsâmico do meigo amor e via nela o germe da imortalidade. (...) Ela é o símbolo máximo de todas as forças da natureza, a síntese de suas antinomias, a Derradeira Divindade em forma de mulher".
Perséfone era filha de Deméter (a deusa mãe, a terra) e de Zeus. Ela foi raptada de sua mãe, levada ao mundo subterrâneo, e lá se casou com Hades (a morte), e dessa maneira obteve a sua iniciação. Não queria me identificar com Perséfone, mas é fatal. Queria me manter inocente, imaculada, longe de tudo que é escuro. Não queria, mas obtive muito deste arquétipo. Não sou capaz de negar a minha descida, não posso negar meu aprendizado.
Não posso negar a escritora brasileira mais Perséfone de todas, que foi Clarice Lispector. Não posso negar Helena Petrovna Blavatsky, a grã-ocultista, criatura espantosa! Não posso negar os olhos de trovão do Yogananda. Não posso negar Iansã, Paula Márcia e todas as prostitutas do mundo. Não posso negar a feiúra, a sombra, o mal, a loucura.
Não posso mais negar nada, as cicatrizes falam por si, tudo isso agora faz parte de mim: A serpente é minha amiga. O fruto proibido é minha lição. A morte é meu companheiro.

Livro de entrevistas de Clarice Lispector

CLarice Lispector– Hélio, você é analista e me conhece. Diga – sem elogios – quem sou eu, já que você me disse quem é você. Eu preciso conhecer o homem e a mulher.

Hélio Pelegrino – Você Clarice, é uma pessoa com uma dramática vocação de integridade e de totalidade. Você busca, apaixonadamente, o seu Self – centro nuclear de confluência e de irradiação de força – e esta tarefa a consome e a faz sofrer. Você procura casar, dentro de você, luz e sombra, dia e noite, sol e lua. Quando o conseguir – e este é o trabalho de uma vida –, descobrirá, em você, o masculino e o feminino, o côncavo e convexo, o verso e o anverso, o tempo e a eternidade, o finito e o infinito, o yang e o ying; na harmonia do TAO – totalidade – você então, conhecerá homem e mulher – eu e você: nós ( p.58)

C. L Dr. Alceu, uma vez eu o procurei porque queria aprender do senhor a viver. Eu não sabia e ainda não sei. O senhor me disse coisas altamente emocionantes, que não quero revelar, e disse que eu o procurasse de novo quando precisasse. Pois estou precisando. E queria também que o senhor esclarecesse sobre o que pretendem de mim os meus livros

Alceu Amoroso de Lima – Você, Clarice, pertence àquela categoria trágica de escritores, que não escrevem propriamente seus livros. São escritos por eles. Você é o personagem maior do autor dos seus romances. E bem sabe que esse autor não é deste mundo... (p.50)

Em conversa com Tom Jobim:

– (...) Meus livros felizmente para mim não são superlotados de fatos, e sim da repercussão dos fatos no indivíduo. (p. 119)

Clarice à Maria Martins:

– Não sou inteligente, sou sensível (...)

– (...) Sou de trato muito simples, mesmo que a alma seja complexa. (p.80)

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

A Coincidência dos Opostos


Por Mariana Montenegro Martins


Era uma vez, e não era uma vez, um ambientalista num tempo em que ambientalistas ainda não existiam. Esse homem, um sábio de origem aristocrata, viveu por volta de 500 anos a.c. Heráclito de Éfeso, também conhecido como o “obscuro”, é situado na história como um filósofo pré-socrático, pertencente a uma tradição que considerava o mundo como um só grande espírito a pensar e a ser pensado.

Tudo o que restou dos pré-socráticos foram fragmentos, e as pesquisas apenas apontam possibilidades interpretativas. O leitor tem a liberdade de adentrar este rio de pensamentos e pensar junto, levando em conta, como Heráclito, que não é possível tomar banho duas vezes no mesmo rio sem que nos transformemos mutuamente.
O que aproxima esse filósofo da natureza de um ambientalista moderno está na origem do seu pensamento. Está na sua visão de mundo não dicotomizada, onde os opostos são reconciliáveis e coincidem entre si. Dizia ele: “O contrário em tensão é convergente; da divergência dos contrários, a mais bela harmonia” (CARNEIRO, 1980:49).
O paradigma moderno hegemônico é exatamente opositivo. Baseia-se na visão dicotômica e inconciliável, portanto trágica, geradora de uma crise civilizatória e planetária. No entanto, esta mesma crise pressagia a mudança, que nada escapa, à qual todo o universo está condicionado.
O cosmos evolui continuamente, num eterno vir a ser. Todo o universo se expande em galáxias, nebulosas, cometas, estrelas e sistemas solares, em uma constante evolução. No mundo dos seres humanos não poderia ser diferente. Ainda que estes não queiram participar da grande marcha cósmica, ela segue. Apesar de comermos da mesma carne que desmata a Amazônia e polui os rios, seguimos em frente.
O ambientalismo entra em contato com a filosofia perene, que sempre existiu observando o funcionamento do universo e suas leis. Os humanos ao mesmo tempo que estão estacionados numa forma de vida insustentável e não vêem esperança no porvir, estão voltando-se para a consciência universal, para o mundo dos arquétipos, há pelo menos 2500 anos. Como dizia Heráclito: “Se não é a mim, mas ao Logos, que vós escutais, é sensato reconhecer que tudo é um”. ( BRUN, 1968:42)
O que interessava ao filósofo de Éfeso, e que interessa ao ambientalismo, em correntes como a Ecologia Profunda, é a reciprocidade da experiência entre sujeito e objeto, entre observador e observado, que conduz a compreensão de uma teia da vida. Em nossa leitura o ser é um vir a ser que vive num jogo de ser e não ser. Como alguém que sabe brincar. Ou como rochas em colisão. E é esta mesma colisão que será encontrada no centro de toda a harmonia.
A realidade de que fala Heráclito é por natureza mutável e sempre paradoxal. A cultura judaico-cristã-cientificista habituou-se a idéia de sujeito e objeto em separado, mas esta idéia não se aplica nem ao pensamento de Heráclito, nem ao pensamento ambientalista. O que se aplica aqui é a visão recíproca e inter-relacional.
As relações pragmáticas estabelecidas com a natureza chegaram ao limite. A natureza se mostra cansada, degenerada, colapsada. O comportamento humano predatório determinou uma relação no mínimo cruel com a natureza, e sua crueldade querendo ou não encontrará reciprocidade. Pois a natureza é um organismo vivo, e como tal, responde.
Mas há possibilidade de reconciliação com o ambiente. A harmonia acontece é no tocar simultâneo de diferentes notas. Na percepção da coincidência dos opostos. O ser humano pode sim, depois de tanta luta, se reintegrar novamente à natureza. Não há culpa a se alimentar, há que se aprender com este projeto separatista-individualista-materialista. Que ambos sairão transformados, homem e rio, não há dúvida.