quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Livro de entrevistas de Clarice Lispector

CLarice Lispector– Hélio, você é analista e me conhece. Diga – sem elogios – quem sou eu, já que você me disse quem é você. Eu preciso conhecer o homem e a mulher.

Hélio Pelegrino – Você Clarice, é uma pessoa com uma dramática vocação de integridade e de totalidade. Você busca, apaixonadamente, o seu Self – centro nuclear de confluência e de irradiação de força – e esta tarefa a consome e a faz sofrer. Você procura casar, dentro de você, luz e sombra, dia e noite, sol e lua. Quando o conseguir – e este é o trabalho de uma vida –, descobrirá, em você, o masculino e o feminino, o côncavo e convexo, o verso e o anverso, o tempo e a eternidade, o finito e o infinito, o yang e o ying; na harmonia do TAO – totalidade – você então, conhecerá homem e mulher – eu e você: nós ( p.58)

C. L Dr. Alceu, uma vez eu o procurei porque queria aprender do senhor a viver. Eu não sabia e ainda não sei. O senhor me disse coisas altamente emocionantes, que não quero revelar, e disse que eu o procurasse de novo quando precisasse. Pois estou precisando. E queria também que o senhor esclarecesse sobre o que pretendem de mim os meus livros

Alceu Amoroso de Lima – Você, Clarice, pertence àquela categoria trágica de escritores, que não escrevem propriamente seus livros. São escritos por eles. Você é o personagem maior do autor dos seus romances. E bem sabe que esse autor não é deste mundo... (p.50)

Em conversa com Tom Jobim:

– (...) Meus livros felizmente para mim não são superlotados de fatos, e sim da repercussão dos fatos no indivíduo. (p. 119)

Clarice à Maria Martins:

– Não sou inteligente, sou sensível (...)

– (...) Sou de trato muito simples, mesmo que a alma seja complexa. (p.80)

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