domingo, 31 de janeiro de 2010

Dia-logos

Tristeza - Eu sou senhora.
Felicidade-Eu sou sempre jovem. Sou a irmã da esperança.
Tristeza-A esperança, esta tua irmã, é o que se espera, não o que se alcança.
Felicidade- Pois para mim é como caminhar, uma trilha a sempre percorrer.
Tristeza-Mas para seres feliz, para seres aquilo que tudo és, não necessitas de algo que lhe faça feliz?
Felicidade-Sim e não.
Tristeza-Você não tem uma resposta?
Felicidade-Tudo o que tenho é a minha esperança.
Tristeza-Mas isso é muito pouco, isso não é nada!
Felicidade-É tudo para mim. Me basta caminhar com a esperança.
Tristeza-Mas e se a esperança te faltar? Você acabará como eu. Verás que eu tinha razão.
Felicidade-Pode ser.
Tristeza-Viu? Mais uma vez você não sabe. Felicidade, tu só te encontras em horas de descuido! Ninguém em sã consciência jamais foi feliz além de por uns breves momentos.
Felicidade-Diga o que quiser, dona tristeza. Meu saber é minha esperança. Nada mais.
Tristeza-Tudo bem, você é sempre jovem, não posso culpá-la por não entender como é a vida.
Felicidade-Tudo bem, você é sempre velha, e tuas rugas turvam tua compreensão! Saiba que esse fato é tão velho quanto a senhora: "Só as mulheres felizes têm direito à felicidade".

sábado, 30 de janeiro de 2010

Fanatismo

Minh’alma, de sonhar-te, anda perdida.
Meus olhos andam cegos de te ver!
Não és sequer razão do meu viver,
Pois que tu és já toda a minha vida!

Não vejo nada assim enlouquecida...
Passo no mundo, meu Amor, a ler
No misterioso livro do teu ser
A mesma história tantas vezes lida!

“Tudo no mundo é frágil, tudo passa...”
Quando me dizem isto, toda a graça
Duma boca divina fala em mim!

E, olhos postos em ti, digo de rastros:
“Ah! Podem voar mundos, morrer astros,
Que tu és como Deus: Princípio e Fim!...”

(Florbela Espanca)

Ser poeta

Ser poeta é ser mais alto, é ser maior
Do que os homens! Morder como quem beija!
É ser mendigo e dar como quem seja
Rei do Reino de Aquém e de Além Dor!
É ter de mil desejos o esplendor
E não saber sequer que se deseja!
É ter cá dentro um astro que flameja,
É ter garras e asas de condor!
É ter fome, é ter sede de Infinito!
Por elmo, as manhãs de oiro e de cetim...
É condensar o mundo num só grito!
E é amar-te, assim, perdidamente...
É seres alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!

(Florbela Espanca)

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Eros e Psique

Segundo Leonardo Boff, o pathos (sentimento profundo) é mais fundamental que o logos (razão objetiva). Ele afirma que o pathos está "na raiz do novo paradigma de convivência com a Terra. Dessa ausculta da Terra e da paixão por ela, nasce o cuidado essencial".
A piada do paradigma cartesiano-newtoniano-blá-blá-blá é: Penso, logo existo. Eu sou inclinada a concordar com o bofe e dizer: Sinto, logo existo. Existo em relação, e como Eros, em pathos!
No mito, o amor (Eros) significa o declínio do eu (Psiquê). "Só existe uma maneira de perceber Eros: colocar para fora o excesso de individualidade", ou seja, de psique, de logos. "Só esvaziando o ego é que se abrirá um espaço para conhecer a energia de Eros". No entanto, o declínio é o início de uma jornada de aprofundamento e de transformação.
Psiquê recita no fim do mito com Eros:
"Olha sempre para o olhar salvador (do amor),
tão contrito e delicado,
agradece a habilidade celestial
de poderes te transformar
põe-te a serviço dela,
donzela, mãe, rainha,
todos os teus sentidos,
ó Deus, tende piedade"
(referências: Boff, L. Saber Cuidar, Sociedade das Ciências Antigas )

O Templo da Cura

No pórtico do templo de Asclépio se podia ler o tema básico da sua medicina:
Puro deve ser aquele que entra no templo perfumado. Pureza é ter pensamentos sadios, o que chamavam de nooterapia (terapia da mente).

Em Epidauro, templo da cura na Grécia, as curas eram processadas de forma holística, através da dança, música, ginástica, poesia, ritos e sono sagrado. Havia o Abaton, santuário onde os enfermos dormiam para terem sonhos de comunhão com a divindade que os tocava e curava. Havia o Odeon, local onde se podia ouvir música tranquilizadora e eram lidos poemas de enlevo. Havia o Ginásio, onde se faziam exercícios físicos integradores da mente/corpo. Havia o Estádio para esportes de competição controlada para melhorar o tônus corporal. Havia o Teatro para dramatização de situações complexas da vida para desdramatizá-las e facilitar a cura. Havia a Biblioteca, onde se podia consultar livros, admirar obras de arte e participar de discussões sobre os mais diversos assuntos.

(BOFF, Leonardo. Saber Cuidar. 1999, Editora Vozes.)

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

A Sacerdotiza do Tarô

Plano Espiritual:
Na figura central a Deusa Ísis o invade com suas coroas, e não há mais nenhum atributo. Na cabeça, a cobra é o símbolo da iniciação, as coroas simbolizam os tronos do Egito: O Alto, Médio e Baixo Egito.

Plano Mental:
Na mitologia, a Deusa Ísis era a Grande Mãe, a Sacerdotisa. Dotada do conhecimento e de poderes ocultos. Ao redor dela, a Coluna de Djed e sua sombra. A coluna do lado esquerdo da carta (passado), é a real, e a do lado direito (direito) a sua sombra. Ressaltando as faculdades da deusa: a clarividente, com capacidade de ver o passado, o presente e o futuro. Em uma mão ela tem o papiro do Livro dos Mortos, que é o símbolo da sabedoria humana. Na outra a chave do saber adquirido.

Plano Material:
A coluna de Djed significa a reencarnação. A coluna colorida representa o renascimento. A coluna preta, a sombra, representa as vidas passadas.


quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Perséfone


Reencontrei escritos de Clarice Lispector essa semana. Reencontrei a mulher Perséfone em mim, e a princípio quis negá-la. Perséfone representa o arquétipo da mulher que conhece a "noite escura da alma". É a mulher que fez a descida ao mundo do Hades, ao mundo oculto, e que perdeu a inocência.
Perséfone corresponde na mitologia hindu à deusa Kali, que no Evangelho de Ramakrishna é descrita da seguinte forma:

"Seu pescoço é envolto por uma guirlanda de cabeças, sua cintura com um cinturaõ de braços humanos, duas de suas mãos portam armas de morte, e seus olhos faíscam lampejos de fogo, mas sentia em seu hálito o toque balsâmico do meigo amor e via nela o germe da imortalidade. (...) Ela é o símbolo máximo de todas as forças da natureza, a síntese de suas antinomias, a Derradeira Divindade em forma de mulher".
Perséfone era filha de Deméter (a deusa mãe, a terra) e de Zeus. Ela foi raptada de sua mãe, levada ao mundo subterrâneo, e lá se casou com Hades (a morte), e dessa maneira obteve a sua iniciação. Não queria me identificar com Perséfone, mas é fatal. Queria me manter inocente, imaculada, longe de tudo que é escuro. Não queria, mas obtive muito deste arquétipo. Não sou capaz de negar a minha descida, não posso negar meu aprendizado.
Não posso negar a escritora brasileira mais Perséfone de todas, que foi Clarice Lispector. Não posso negar Helena Petrovna Blavatsky, a grã-ocultista, criatura espantosa! Não posso negar os olhos de trovão do Yogananda. Não posso negar Iansã, Paula Márcia e todas as prostitutas do mundo. Não posso negar a feiúra, a sombra, o mal, a loucura.
Não posso mais negar nada, as cicatrizes falam por si, tudo isso agora faz parte de mim: A serpente é minha amiga. O fruto proibido é minha lição. A morte é meu companheiro.

Livro de entrevistas de Clarice Lispector

CLarice Lispector– Hélio, você é analista e me conhece. Diga – sem elogios – quem sou eu, já que você me disse quem é você. Eu preciso conhecer o homem e a mulher.

Hélio Pelegrino – Você Clarice, é uma pessoa com uma dramática vocação de integridade e de totalidade. Você busca, apaixonadamente, o seu Self – centro nuclear de confluência e de irradiação de força – e esta tarefa a consome e a faz sofrer. Você procura casar, dentro de você, luz e sombra, dia e noite, sol e lua. Quando o conseguir – e este é o trabalho de uma vida –, descobrirá, em você, o masculino e o feminino, o côncavo e convexo, o verso e o anverso, o tempo e a eternidade, o finito e o infinito, o yang e o ying; na harmonia do TAO – totalidade – você então, conhecerá homem e mulher – eu e você: nós ( p.58)

C. L Dr. Alceu, uma vez eu o procurei porque queria aprender do senhor a viver. Eu não sabia e ainda não sei. O senhor me disse coisas altamente emocionantes, que não quero revelar, e disse que eu o procurasse de novo quando precisasse. Pois estou precisando. E queria também que o senhor esclarecesse sobre o que pretendem de mim os meus livros

Alceu Amoroso de Lima – Você, Clarice, pertence àquela categoria trágica de escritores, que não escrevem propriamente seus livros. São escritos por eles. Você é o personagem maior do autor dos seus romances. E bem sabe que esse autor não é deste mundo... (p.50)

Em conversa com Tom Jobim:

– (...) Meus livros felizmente para mim não são superlotados de fatos, e sim da repercussão dos fatos no indivíduo. (p. 119)

Clarice à Maria Martins:

– Não sou inteligente, sou sensível (...)

– (...) Sou de trato muito simples, mesmo que a alma seja complexa. (p.80)

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

A Coincidência dos Opostos


Por Mariana Montenegro Martins


Era uma vez, e não era uma vez, um ambientalista num tempo em que ambientalistas ainda não existiam. Esse homem, um sábio de origem aristocrata, viveu por volta de 500 anos a.c. Heráclito de Éfeso, também conhecido como o “obscuro”, é situado na história como um filósofo pré-socrático, pertencente a uma tradição que considerava o mundo como um só grande espírito a pensar e a ser pensado.

Tudo o que restou dos pré-socráticos foram fragmentos, e as pesquisas apenas apontam possibilidades interpretativas. O leitor tem a liberdade de adentrar este rio de pensamentos e pensar junto, levando em conta, como Heráclito, que não é possível tomar banho duas vezes no mesmo rio sem que nos transformemos mutuamente.
O que aproxima esse filósofo da natureza de um ambientalista moderno está na origem do seu pensamento. Está na sua visão de mundo não dicotomizada, onde os opostos são reconciliáveis e coincidem entre si. Dizia ele: “O contrário em tensão é convergente; da divergência dos contrários, a mais bela harmonia” (CARNEIRO, 1980:49).
O paradigma moderno hegemônico é exatamente opositivo. Baseia-se na visão dicotômica e inconciliável, portanto trágica, geradora de uma crise civilizatória e planetária. No entanto, esta mesma crise pressagia a mudança, que nada escapa, à qual todo o universo está condicionado.
O cosmos evolui continuamente, num eterno vir a ser. Todo o universo se expande em galáxias, nebulosas, cometas, estrelas e sistemas solares, em uma constante evolução. No mundo dos seres humanos não poderia ser diferente. Ainda que estes não queiram participar da grande marcha cósmica, ela segue. Apesar de comermos da mesma carne que desmata a Amazônia e polui os rios, seguimos em frente.
O ambientalismo entra em contato com a filosofia perene, que sempre existiu observando o funcionamento do universo e suas leis. Os humanos ao mesmo tempo que estão estacionados numa forma de vida insustentável e não vêem esperança no porvir, estão voltando-se para a consciência universal, para o mundo dos arquétipos, há pelo menos 2500 anos. Como dizia Heráclito: “Se não é a mim, mas ao Logos, que vós escutais, é sensato reconhecer que tudo é um”. ( BRUN, 1968:42)
O que interessava ao filósofo de Éfeso, e que interessa ao ambientalismo, em correntes como a Ecologia Profunda, é a reciprocidade da experiência entre sujeito e objeto, entre observador e observado, que conduz a compreensão de uma teia da vida. Em nossa leitura o ser é um vir a ser que vive num jogo de ser e não ser. Como alguém que sabe brincar. Ou como rochas em colisão. E é esta mesma colisão que será encontrada no centro de toda a harmonia.
A realidade de que fala Heráclito é por natureza mutável e sempre paradoxal. A cultura judaico-cristã-cientificista habituou-se a idéia de sujeito e objeto em separado, mas esta idéia não se aplica nem ao pensamento de Heráclito, nem ao pensamento ambientalista. O que se aplica aqui é a visão recíproca e inter-relacional.
As relações pragmáticas estabelecidas com a natureza chegaram ao limite. A natureza se mostra cansada, degenerada, colapsada. O comportamento humano predatório determinou uma relação no mínimo cruel com a natureza, e sua crueldade querendo ou não encontrará reciprocidade. Pois a natureza é um organismo vivo, e como tal, responde.
Mas há possibilidade de reconciliação com o ambiente. A harmonia acontece é no tocar simultâneo de diferentes notas. Na percepção da coincidência dos opostos. O ser humano pode sim, depois de tanta luta, se reintegrar novamente à natureza. Não há culpa a se alimentar, há que se aprender com este projeto separatista-individualista-materialista. Que ambos sairão transformados, homem e rio, não há dúvida.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Princípios da Ecologia

Os fatos básicos da vida:
  • Nenhum ecossistema produz resíduos; já que os resíduos de uma espécie são o alimento de outra.
  • A matéria circula continuamente pela teia da vida.
  • A energia que sustenta estes ciclos ecológicos vem do Sol.
  • A diversidade assegura a resiliência.
  • A vida, desde o seu início há mais de três bilhões de anos, não conquistou o planeta pela força, e sim através de cooperação, parcerias e trabalho em rede.
(Alfabetização Ecológica, F. Capra)

domingo, 3 de janeiro de 2010

A vida é para ser dançada

A vida é uma arte para ser dançada. A vida inteira estamos mudando de um pólo a outro. Um passo para um lado, um passo para o outro. Um passo para um lado, um passo para o outro. Nessa dança vou criando novos pontos de equilíbrio. Mas a estabilidade não existe de fato. A 'estabilidade' é um senso comum coletivo baseado no medo e na insegurança. O nosso Espírito sabe que isso não existe. Ele busca aprender e evoluir com a dança, que dá realidade espacial à música das esferas de onde ele vem. Basta ao Espírito aterrissar e pôr os pés no chão, para dançar. É assim, quase uma segunda natureza. Com asas, ele canta, com pernas, ele dança.

sábado, 2 de janeiro de 2010

ÚLTIMAS INFORMAÇÕES DE FIGUEIRA


Nova Regência do Planeta e o novo Senhor do Mundo - Partilha de Artur

Transformações profundas estão ocorrendo na Hierarquia Planetária e na relação da Terra com o cosmos. Em 2/1/2010 Kuthullim assume a regência do Governo Interno do Mundo.


http://www.irdin.org.br/palestra/por/audicao.html?cod=8477

O Senhor do Mundo e o Instrutor do Mundo - Partilha de Trigueirinho

Grandes mudanças ocorrem hoje na Hierarquia planetária. Kuthullim, que no passado encarnou como São Francisco de Assis, assume a regência do planeta. Murielh, conhecido como Pio de Pietrelcina, assume a instrução para o mundo.


http://www.irdin.org.br/palestra/por/audicao.html?cod=8478